Dificuldade de locomoção e necessidade de atendimento no domicílio: estudo transversal
DOI:
https://doi.org/10.11606/s15188787.2025059006939Palavras-chave:
Visita Domiciliar, Limitação da Mobilidade, Equidade no AcessoResumo
OBJETIVO: Investigar a visita domiciliar para consulta e/ou procedimentos e fatores associados em famílias com pessoas com dificuldade de locomoção e necessidade de atendimento no domicílio por médico ou enfermeiro. MÉTODOS: Foi realizado um estudo transversal com dados do Ciclo III do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, entre setembro de 2017 e junho de 2018, que entrevistou mais de 140.000 usuários em 28.939 unidades básicas de saúde de 5.312 municípios. O estudo analisou o recebimento de visita domiciliar a indivíduos com dificuldade de locomoção e necessidade de atendimento no domicílio de acordo com fatores internos e externos, utilizando regressão de Poisson. RESULTADOS: Do total de usuários dos serviços de atenção primária, 7,8% afirmaram ter alguém com dificuldade de locomoção e necessidade de atendimento domiciliar. Cerca de 70% receberam visita domiciliar. A maior prevalência de visita domiciliar, após análise ajustada, foi na região Nordeste. Quanto maior a vulnerabilidade social, menor a prevalência de recebimento de visita domiciliar em caso de dificuldade de locomoção. Em municípios com 100% de cobertura de estratégia saúde da família houve maior prevalência de visita domiciliar em relação àqueles com cobertura menor que 50%. CONCLUSÃO: Fatores externos, como renda e índice de vulnerabilidade social, com maior relação com os macro determinantes sociais, permanecem apontando iniquidades na atenção; enquanto fatores internos, como a cobertura de saúde da família, a cobertura de agente comunitário de saúde em todas as microáreas e “porta aberta” como característica do processo de trabalho das equipes, indicaram melhores resultados. O estudo fortalece a importância de políticas públicas que incentivem a recomposição do número de profissionais das equipes de saúde da família, a fim de terem equipes completas e com capacidade de cuidado integral da população.
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