Insatisfação com os serviços farmacêuticos do SUS e não adesão ao uso de medicamentos

Resumo

OBJETIVO: Analisar a associação entre insatisfação dos usuários com os serviços farmacêuticos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a não adesão ao uso de medicamentos por pacientes de doenças crônicas não transmissíveis. Correspondência: Poliana Vieira da Silva Menolli Universidade Estadual do Oeste do Paraná  Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas Rua Universitária, 1.619  85819-110 Cascavel, PR, Brasil E-mail: poliana.menolli@unioeste.br Recebido: 9 jul 2024 Aprovado: 25 fev 2025 Como citar: Menolli PVS, Girotto E.  Insatisfação com os serviços farmacêuticos do SUS e não adesão ao uso de medicamentos. Rev. Saude Publica. 2025;59:e36. https://doi.org/10.11606/s15188787.2025059006463 Editor Associado:  Paulo Frazão Copyright: Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença de Atribuição Creative Commons, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. MÉTODOS: Estudo transversal com dados do componente de avaliação de serviços da Pesquisa Nacional de Acesso, Uso e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil, realizada de julho a dezembro de 2014. Foram analisadas entrevistas presenciais de usuários do SUS de 18 anos ou mais que usavam medicamentos para hipertensão, diabetes e dislipidemia e as farmácias do SUS nos três meses anteriores à pesquisa. A variável dependente foi a não adesão aos medicamentos avaliada por meio de três medidas: não adesão por falta do medicamento, não adesão nos últimos sete dias e não adesão declarada. A variável independente foi a insatisfação com as dimensões dos serviços farmacêuticos (oportunidade, disponibilidade e adequação), obtida por meio da teoria de resposta ao item. A regressão logística foi realizada com cálculo dos odds ratio (OR) brutos e ajustados. RESULTADOS: Foram avaliados 2.448 usuários. A não adesão por falta foi de 31,6%, nos últimos sete dias de 11,5% e a declarada de 13,0% dos entrevistados. A falta de acesso e o esquecimento foram as principais justificativas para a não adesão nos últimos sete dias. Na análise ajustada a insatisfação com a dimensão “oportunidade” esteve associada à não adesão nos últimos sete dias (OR = 1,489; IC95% 1,023–2,168) e a dimensão “adequação” associada à não adesão declarada (OR = 3,132; IC95% 2,266–4,329). CONCLUSÃO: Os insatisfeitos foram mais não aderentes ao uso de medicamentos em todas as dimensões e a insatisfação com a disponibilidade e adequação dos serviços dos serviços farmacêuticos esteve associada à não adesão ao uso de medicamentos.