Uso de medicamentos psicoativos e seu relacionamento com quedas entre idosos

Autores

  • Flávio Chaimowicz Universidade Federal de Minas Gerais; Faculdade de Medicina; Departamento de Clínica Médica
  • Teresinha de Jesus Xavier Martins Ferreira Programa de Saúde da Família de Campo Belo
  • Denise Freire Assumpção Miguel Programa de Saúde da Família de Campo Belo

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102000000600011

Palavras-chave:

Idoso, Acidentes por quedas, Psicotrópicos^i2^sefeitos adver, Saúde do idoso, Saúde mental, Psicotrópicos^i2^suso terapêut

Resumo

INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional no Brasil tem aumentado a prevalência de doenças neurodegenerativas (Parkinson, Alzheimer) e psiquiátricas (depressão, ansiedade), comuns em idosos. Realizou-se estudo retrospectivo com o objetivo de determinar se há associação entre a utilização de medicamentos psicoativos em idosos (65+) residentes na comunidade e a ocorrência de quedas. MÉTODOS: Todos os idosos (n=161) residentes no Bairro Arnaldos (Campo Belo, MG -- 48 mil habitantes), foram avaliados acerca da utilização de psicoativos e da ocorrência de quedas nos 12 meses precedentes e submetidos a exame clínico. RESULTADOS: Benzodiazepínicos de meia-vida longa eram utilizados regularmente por 9,3% dos idosos, anticonvulsivantes (a maioria barbitúricos) por 4,4%, antidepressivos (todos cíclicos) por 2,5% e alfa-metil-dopa por 8%, ou 1/6 daqueles tratando hipertensão arterial. Nenhum idoso utilizava hipnóticos, neurolépticos ou drogas para tratamento de Alzheimer ou Parkinson (exceto biperideno). Em conjunto, drogas que potencialmente podem provocar quedas eram utilizadas regularmente por 1/5 da população. Vinte e sete idosos (17%) informaram ter sofrido queda nos 12 meses que precederam o estudo, quatro ocasionando fratura. A ocorrência de quedas estava associada à utilização de psicoativos (p=0,05), mesmo quando as variáveis gênero, idade, visão e audição foram controladas em uma regressão linear múltipla (p=0,02). CONCLUSÕES: Embora a população do Bairro Arnaldos possa ser considerada jovem (somente 4% tem 65+ anos), já se observam problemas relacionados ao emprego de medicamentos psicoativos em idosos. Os ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes e anti-hipertensivos prescritos são inadequados para esta faixa etária e sua utilização está associada à ocorrência de quedas.

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Publicado

2000-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Chaimowicz, F., Ferreira, T. de J. X. M., & Miguel, D. F. A. (2000). Uso de medicamentos psicoativos e seu relacionamento com quedas entre idosos . Revista De Saúde Pública, 34(6), 631-635. https://doi.org/10.1590/S0034-89102000000600011