Repercussões da violência na saúde mental de trabalhadores do Programa Saúde da Família

Autores

  • Selma Lancman Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional
  • Maria Isabel Garcez Ghirardi Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional
  • Eliane Dias de Castro Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional
  • Tatiana Amodeo Tuacek Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102009005000036

Palavras-chave:

Recursos Humanos em Saúde, Programa Saúde da Família, Estresse Psicológico, Esgotamento Profissional, Satisfação no Emprego, Saúde do Trabalhador, Saúde Mental, Violência, Pesquisa Qualitativa

Resumo

OBJETIVO:Descrever formas de violência externa e indireta que afetam a saúde mental de trabalhadores de programa de saúde da família, bem como as estratégias desenvolvidas pelos trabalhadores para viabilizar seu trabalho e se proteger psicologicamente. MÉTODOS: Estudo qualitativo do processo de trabalho no Programa Saúde da Família, realizado nos municípios de São Paulo, Ribeirão Preto e Embu (SP), em 2005. Foi utilizada a abordagem teórica da psicodinâmica do trabalho, que propõe a criação de grupos de reflexão com os trabalhadores. Buscou-se identificar aspectos subjetivos do trabalho, situações de sofrimento psíquico e estratégias utilizadas pelos trabalhadores para lidar com o sofrimento e continuar a trabalhar. RESULTADOS: A organização do trabalho no Programa expôs os trabalhadores a: situações de violência, por vezes invisível; sentimentos de impotência frente às situações de precariedade; não-reconhecimento dos esforços realizados; falta de fronteiras entre aspectos profissionais e pessoais; convívio intenso com situações de violência doméstica e social; medo do risco de exposição; sensação de integridade moral e física ameaçadas e temor de represália. Foram observadas situações de sofrimento psíquico decorrente da violência no trabalho, intensificados no Programa Saúde da Família pelo convívio cotidiano com situações de violência que geram medo e sentimento de vulnerabilidade. CONCLUSÕES: As repercussões psicológicas geradas pela violência no trabalho, nem sempre expressas sob a forma de transtornos psíquicos, foram observadas em situações de elevado sofrimento. Os trabalhadores desenvolvem estratégias para minimizar esse sofrimento, se protegem psiquicamente e continuam a trabalhar; buscam construir redes de solidariedade e de proteção com a população visando à diminuição da vulnerabilidade. Aprendem, na experiência acumulada, a detectar situações de risco evitando aquelas que acreditam serem ameaçadoras.

Publicado

2009-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Lancman, S., Ghirardi, M. I. G., Castro, E. D. de, & Tuacek, T. A. (2009). Repercussões da violência na saúde mental de trabalhadores do Programa Saúde da Família . Revista De Saúde Pública, 43(4), 682-688. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009005000036