Superposição de atribuições e autonomia técnica entre enfermeiras da Estratégia Saúde da Família

Autores

  • Katia Virginia de Oliveira Feliciano Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira; Escola de Pós-graduação em Saúde Materno Infantil
  • Maria Helena Kovacs Universidade de Pernambuco; Faculdade de Ciências Médicas; Departamento de Medicina Social
  • Silvia Wanick Sarinho Universidade de Pernambuco; Faculdade de Ciências Médicas; Departamento de Medicina Social

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102010005000011

Palavras-chave:

Enfermeiras, Programa Saúde da Família, Enfermagem em Saúde Comunitária, Esgotamento Profissional, Estresse Psicológico, Satisfação no Emprego, Pesquisa Qualitativa

Resumo

OBJETIVO: Compreender como enfermeiras da Estratégia Saúde da Família vivem a superposição de atribuições e construção da autonomia técnica. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Pesquisa qualitativa realizada com 22 enfermeiras em Recife, PE, entre agosto de 2005 e novembro de 2006. A partir de avaliação da gerência (acesso geográfico, conflitos na equipe, entre equipe e distrito, entre equipe e comunidade e violência pública na área), em cada um dos seis distritos sanitários foram selecionadas quatro equipes. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas. Os principais temas no roteiro referiram-se a expectativas e relevância do trabalho, organização e processo de trabalho e sentimentos sobre as práticas. Os resultados foram interpretados sob a perspectiva do burnout. ANÁLISE DOS RESULTADOS: Foi recorrente a opinião das enfermeiras sobre número excessivo de famílias, suporte organizacional insuficiente e pressões advindas de demandas insatisfeitas dos usuários. A sobreposição de assistência e administração provocou sobrecarga, gerando ansiedade, impotência, frustração e sentimento de ser injustiçada na divisão de tarefas na equipe. A dimensão clínica da prática motivou insegurança de natureza técnica e ética, além de satisfação pelo poder e prestígio conquistados pela categoria profissional. A formação médica especializada representou um obstáculo para concretizar a interdependência da autonomia e responsabilidade. Foram relatados estresse, insatisfação, adoecimento físico e mental, reconhecimento da relevância do trabalho e importância do próprio desempenho e baixo envolvimento laboral. CONCLUSÕES: Diante da falta de expectativa de mudanças em curto prazo, a sobreposição de baixa realização profissional e esgotamento provocam atitudes negativas, indicando a importância da promoção da saúde para ampliar a possibilidade de interferência e mudança nas condições de trabalho.

Publicado

2010-06-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Feliciano, K. V. de O., Kovacs, M. H., & Sarinho, S. W. (2010). Superposição de atribuições e autonomia técnica entre enfermeiras da Estratégia Saúde da Família . Revista De Saúde Pública, 44(3), 520-527. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010005000011