Evolução do consumo de crack em coorte com histórico de tratamento

Autores

  • Andréa Costa Dias Universidade Federal de São Paulo; Departamento de Psiquiatria
  • Marcelo Ribeiro Araújo Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas
  • Ronaldo Laranjeira Unifesp; Escola Paulista de Medicina

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000049

Palavras-chave:

Usuários de Drogas, Cocaína Crack, Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias, epidemiologia, Estudos de Coortes

Resumo

OBJETIVO: Analisar a evolução do consumo entre usuários de crack com histórico de tratamento. MÉTODOS: Uma coorte de, originalmente, 131 dependentes de crack admitidos em uma enfermaria de desintoxicação em São Paulo, SP, entre 1992 e 1994, foi re-entrevistada em três ocasiões: 1995-1996, 1998-1999 e 2005-2006. As variáveis averiguadas foram: dados demográficos, comportamento sexual de risco, padrões de consumo de crack e outras substâncias, prisões, desaparecimentos e óbitos. Na análise estatística empregou-se o teste de qui-quadrado, a regressão logística multinomial e regressão de Cox. RESULTADOS: Dos pacientes avaliados, 43 estavam abstinentes do crack (12 meses ou mais), 22 eram usuários, 13 estavam presos, dois desaparecidos e 27 estavam mortos. Foram identificados três grupos com trajetórias distintas de consumo pós-alta. Comportamento seguro com uso de preservativo foi identificado como fator relacionado ao grupo de abstinentes estáveis (p = 0,001). Teste HIV positivo na internação (p = 0,046); consumo de cocaína aspirada no último ano (p = 0,001) e tempo de uso de cocaína aspirada na vida (mais de 132 meses) (p = 0,000) foram fatores relacionados a uso de longo termo. Uso pregresso de cocaína endovenosa aumentou em 2,5 vezes as chances de óbito em 12 anos (p = 0,031) (IC95%: 1,08; 5,79). CONCLUSÕES: A recorrência e persistência do consumo nos anos pós-alta de tratamento refletem novas modalidades de uso do crack. Por outro lado, padrões de abstinência estável apontam a viabilidade dos processos de recuperação relativos ao uso de crack.

Publicado

2011-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Dias, A. C., Araújo, M. R., & Laranjeira, R. (2011). Evolução do consumo de crack em coorte com histórico de tratamento . Revista De Saúde Pública, 45(5), 938-948. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000049