Desigualdades na atenção ao Trabalho de Parto e Parto no Rio de Janeiro – Nascer no Brasil II: pesquisa nacional sobre aborto, parto e nascimento
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059006516Palabras clave:
Parto, Trabalho de Parto, Setor Público, Setor Privado, BrasilResumen
OBJETIVOS: Descrever a atenção ao trabalho de parto (TP) e parto no estado do Rio de Janeiro (ERJ) segundo a localização do hospital e o tipo de financiamento do parto e verificar os fatores sociais, geográficos e assistenciais associados a entrar em trabalho de parto (TP) e a ter parto vaginal (PV).
MÉTODOS: Estudo seccional de base hospitalar (“Nascer no Brasil II: Pesquisa nacional sobre aborto, parto e nascimento”) realizado em 29 hospitais do ERJ. Foram elegíveis puérperas com nascidos vivos e/ou natimortos com idade gestacional ≥ 22 semanas ou peso ≥ 500 g, no total de 1.762 mulheres. As entrevistas foram realizadas nos hospitais, no puerpério imediato, e foram extraídos dados do cartão de pré-natal e do prontuário materno. Foi realizada regressão logística múltipla para os desfechos TP e PV, sendo utilizado um modelo hierarquizado, com estimativa das razões de chance e respectivos intervalos de confiança.
RESULTADOS: A frequência de TP foi de 54,4% e de PV 41%. Mostraram associação com entrar em TP ser atendida em hospitais do município do Rio de Janeiro (MRJ), com financiamento público, ser nulípara ou multípara com PV anterior, ter preferência pelo PV no fim da gestação, não ser obesa nem ter apresentado intercorrências na gestação. Ter PV foi associado com menos anos de estudo, ausência de companheiro, ser nulípara ou multípara com PV anterior, ter acesso às boas práticas no TP e parto e ao uso de analgesia no TP, independentemente do tipo de financiamento e da localização do hospital.
CONCLUSÃO: Foram verificados avanços na assistência ao parto no ERJ, embora a frequência de TP e de PV ainda seja baixa, bem como a de boas práticas, com melhores resultados para o MRJ. Todas as boas práticas se associaram ao PV, destacadamente o uso de analgesia e a presença de doulas. O PV foi mais frequente em mulheres socialmente vulneráveis.
Referencias
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades: Rio de Janeiro. Pesquisa. Índice de Desenvolvimento Humano [Internet]. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [cited on July 31, 2024]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/rio-de-janeiro/pesquisa/37/30255
Boaretto MC. Avaliação da política de humanização ao parto e nascimento no município do Rio de Janeiro [dissertação online]. 2003 [cited on July 31, 2024]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Available from: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4684
World Health Organization. WHO recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience [Internet]. Genebra: World Health Organization; 2016 [cited on Aug. 2, 2024]. Available from: https://iris.who.int/handle/10665/250796
Prefeitura do Rio de Janeiro. Maternidades [Internet]. Secretaria Municipal de Saúde [cited on July 31, 2024]. Available from: https://saude.prefeitura.rio/unidades-de-saude/maternidades/
Rio de Janeiro. Cegonha Carioca [Internet]. [cited on July 31, 2024]. Available from: https://www.rio.rj.gov.br/web/sms/cegonha-carioca
Rio de Janeiro. Análise de Situações de Saúde–Dados Vitais:ascimentos na cidade do Rio de Janeiro [Internet]. [cited on July 31, 2024]. Available from: https://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/7972540/4300002/NascimentosnacidadedoRiodeJaneiro.pdf
World Health Organization. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience [Internet]. Genebra: World Health Organization; 2018 [cited on July 31, 2024]. Available from: https://iris.who.int/handle/10665/260178
Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida. Brasil: Ministério da Saúde; 2016.
Leal MDC, Pereira APE, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cad Saúde Pública. 2014;30(Supl. 1):S17-32. https://doi.org/10.1590/0102-311X00151513
Leal M do C, Esteves-Pereira AP, Bittencourt SA, Domingues RMSM, Filha MMT, Leite TH, et al. Protocolo do Nascer no Brasil II: Pesquisa Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento. Cad Saúde Pública. 2024;40(4):e00036223. https://doi.org/10.1590/0102-311XPT036223
Brasil. Lei nº 11.108 [Internet]. 2005 [cited on July 31, 2024]. Available from: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11108.htm
Diniz CSG, d’Orsi E, Domingues RMSM, Torres JA, Dias MAB, Schneck CA, et al. Implementação da presença de acompanhantes durante a internação para o parto: dados da pesquisa nacional Nascer no Brasil. Cad Saúde Pública. 2014;30(Supl. 1):S140-53. https://doi.org/10.1590/0102-311X00127013
Gomes ML, Moura MAV, Souza IEDO. A prática obstétrica da enfermeira no parto institucionalizado: uma possibilidade de conhecimento emancipatório. Texto Contexto–Enferm. 2013;22(3):763-71. https://doi.org/10.1590/S0104-07072013000300024
Horton R, Astudillo O. The power of midwifery. The Lancet. 2014;384(9948):1075-6. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(14)60855-2
Nove A, Friberg IK, De Bernis L, McConville F, Moran AC, Najjemba M, et al. Potential impact of midwives in preventing and reducing maternal and neonatal mortality and stillbirths: a Lives Saved Tool modelling study. The Lancet Global Health. 2021;9(1):e24-32. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30397-1
Renfrew MJ, Malata AM. Scaling up care by midwives must now be a global priority. The Lancet Global Health. 2021;9(1):e2-3. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30478-2
Berta M, Lindgren H, Christensson K, Mekonnen S, Adefris M. Effect of maternal birth positions on duration of second stage of labor: systematic review and meta-analysis. BMC Pregnancy Childbirth. 2019;19(1):466. https://doi.org/10.1186/s12884-019-2620-0
Gupta JK, Sood A, Hofmeyr GJ, Vogel JP. Position in the second stage of labour for women without epidural anaesthesia. Cochrane Database Syst Rev. 2017;2017(5). https://doi.org/10.1002/14651858.CD002006.pub4
Vilela MEDA, Leal MDC, Thomaz EBAF, Gomes MADSM, Bittencourt SDDA, Gama SGND, et al. Avaliação da atenção ao parto e nascimento nas maternidades da Rede Cegonha: os caminhos metodológicos. Ciênc Saúde Coletiva. 2021;26(3):789-800. https://doi.org/10.1590/1413-81232021263.10642020
Leal MDC, Esteves-Pereira AP, Vilela MEDA, Alves MTSSDBE, Neri MA, Queiroz RCDS, et al. Redução das iniquidades sociais no acesso às tecnologias apropriadas ao parto na Rede Cegonha. Ciênc Saúde Coletiva. 2021;26(3):823-35. https://doi.org/10.1590/1413-81232021263.06642020
Parto do Princípio. Parto do Princípio e a resolução 368 da ANS [Internet]. Parto do Princípio.; 2015 [cited on July 31, 2024]. Available from: https://www.partodoprincipio.com.br/single-post/2015/01/12/parto-do-princípio-e-a-resolução-368-da-ans
Brasil.Agência Nacional de Saúde Suplementar. Resolução Normativa nº 368 [Internet]. 2015 [cited on July 31, 2024]. Available from: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/servlet/INPDFViewer?jornal=1&pagina=38&data=07/01/2015&captchafield=firstAccess
Borem P, De Cássia Sanchez R, Torres J, Delgado P, Petenate AJ, Peres D, et al. A quality improvement initiative to increase the frequency of vaginal delivery in Brazilian hospitals. Obstet Gynecol. 2020;135(2):415-25. https://doi.org/10.1097/AOG.0000000000003619
Leal M do C, Esteves-Pereira AP, Nakamura-Pereira M, Domingues RMSM, Dias MAB, Moreira ME, et al. Burden of early-term birth on adverse infant outcomes: a population-based cohort study in Brazil. BMJ Open. 2017;7(12):e017789. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-017789
Campbell DA, Lake MF, Falk M, Backstrand JR. A randomized control trial of continuous support in labor by a lay doula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2006;35(4):456-64. https://doi.org/10.1111/j.1552-6909.2006.00067.x
Domingues RMSM, Dias MAB, Do Carmo Leal M. Women’s preference for a vaginal birth in Brazilian private hospitals: effects of a quality improvement project. Reprod Health. 2024;20(S2):188. https://doi.org/10.1186/s12978-024-01771-8
Anim-Somuah M, Smyth RM, Howell CJ. Epidural versus non-epidural or no analgesia in labour. Cochrane Database Syst Rev. 2005;(4):CD000331. https://doi.org/10.1002/14651858.CD000331.pub2
Jones L, Othman M, Dowswell T, Alfirevic Z, Gates S, Newburn M, et al. Pain management for women in labour: an overview of systematic reviews. Cochrane Database Syst Rev. 2012;(3):CD009234. https://doi.org/10.1002/14651858.CD009234.pub2
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Maria do Carmo Leal, Ana Paula Esteves-Pereira, Rosa Maria Soares Madeira Domingues, Sonia Duarte de Azevedo Bittencourt, Mariza Miranda Theme Filha, Neide Pires Leal, Marcos Nakamura-Pereira, Thaiza Dutra Gomes de Carvalho, Tatiana Henriques Leite, Silvana Granado Nogueira da Gama

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.