Violência obstétrica no estado do Rio de Janeiro: Pesquisa Nascer no Brasil II

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059006536

Palabras clave:

Violência Obstétrica, Prevalência, Parto

Resumen

OBJETIVO: Estimar a prevalência e o perfil de coocorrência de violência obstétrica em mulheres internadas por motivos de parto no estado do Rio de Janeiro, bem como sua distribuição de acordo com características demográficas, socioeconômicas e referentes à gestação atual.

MÉTODOS: Trata-se de uma coorte perinatal. Os dados utilizados foram obtidos no segundo seguimento telefônico da Pesquisa Nascer no Brasil II referente ao estado do Rio de Janeiro. A violência obstétrica (abuso físico; abuso psicológico; negligência; estigma e discriminação; e toques vaginais inadequados) foi avaliada por meio de uma versão adaptada transculturalmente de um questionário endossado pela Organização Mundial da Saúde. Estimaram-se as prevalências e o perfil de coocorrência (diagrama de Venn) dos tipos de violência obstétrica analisados.

RESULTADOS: A prevalência total de violência obstétrica total foi de 65,3%. Os tipos de violência obstétrica mais prevalentes foram toques vaginais inadequados (46,2%), negligência (31,5%) e abuso psicológico (21,7%). Destaca-se que características socioeconômicas como baixa escolaridade, ausência de emprego, recebimento de algum benefício governamental e ter tido o parto com financiamento público se mostraram mais presentes entre as mulheres vítimas de diferentes tipos de violência obstétrica. Outras características como idade ≥ 35 anos, entrar em trabalho de parto e ser primípara apresentaram maiores prevalências de violência obstétrica. A coocorrência dos quatro tipos de violência obstétrica mais prevalentes (abuso psicológico, negligência, estigma e discriminação e toques vaginais inadequados) foi de 3%.

Referencias

World Health Organization. The prevention and elimination of disrespect and abuse during facility-based childbirth. Genebra: World Health Organization; 2015.

United Nation Organization. A human rights-based approach to mistreatment and violence against women in reproductive health services with a focus on childbirth and obstetric violence. United Nation Organization; 2019.

World Health Organization. Intrapartum care for a positive childbirth experience [Internet]. World Health Organization; 2018 [acessado em 4 abr. 2025]. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241550215

United Nation Organization. Transformando nosso mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável [Internet]. Nova York: United Nation Organization; 2015 [acessado em 4 abr. 2025]. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Leite TH, Marques ES, Esteves-Pereira AP, Portela Y, Do Carmo Leal M. Desrespeitos e abusos, maus tratos e violência obstétrica: um desafio para epidemiologia e para a saúde pública no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2020;27(2):483-91. https://doi.org/10.1590/1413-81232022272.38592020

Bohren MA, Vogel JP, Hunter EC, Lutsiv O, Makh SK, Souza JP, et al. The mistreatment of women during childbirth in health facilities globally: a mixed-methods systematic review. PLoS Med. 2015;12(6):e1001847. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1001847

Leite TH, Carvalho TDG, Marques ES, Pereira APE, da Silva AAM, Nakamura-Pereira M, et al. The association between mistreatment of women during childbirth and postnatal maternal and child health care: Findings from "Birth in Brazil". Women Birth. 2022;35(1):e28-e40. https://doi.org/10.1016/j.wombi.2021.02.006

Leite TH, Pereira APE, Leal M do C, Silva AAM da. Disrespect and abuse towards women during childbirth and postpartum depression: findings from Birth in Brazil Study. J Affec Dis. 2020;273:391-401. https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.04.052

Leite TH, Marques ES, Mesenburg MA, Silveira MF da, Leal M do C. The effect of obstetric violence during childbirth on breastfeeding: findings from a perinatal cohort “Birth in Brazil.” The Lancet Reg Health–Am. 2023;19:100438. https://doi.org/10.1016/j.lana.2023.100438

Abramo FP. Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo; 2013.

Mesenburg MA, Victora CG, Jacob Serruya S, León RP, Damaso AH, Domingues MR, et al. Disrespect and abuse of women during the process of childbirth in the 2015 Pelotas birth cohort Prof. Suellen Miller. Reproductive Health. 2018;15(1):54. https://doi.org/10.1186/s12978-018-0495-6

Prefeitura do Rio de Janeiro. Casos de violência obstétrica no Rio poderão ser notificados na Central de Atendimento 1746 [Internet]. Prefeitura do Rio de Janeiro; 2021 [acessado em 14 jun. 2024]. Disponível em: https://prefeitura.rio/noticias/casos-de-violencia-obstetrica-no-rio-poderao-ser-notificados-na-central-de-atendimento-1746/

Leal M do C, Esteves-Pereira AP, Bittencourt SA, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Leite TH, et al. Protocolo do Nascer no Brasil II: Pesquisa Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento. Cad Saúde Pública. 2024;40(4):e00036223. https://doi.org/10.1590/0102-311XPT036223

Theme Filha MM, Baldisserotto ML, Leite TH, Mesenburg MA, Fraga ACSA, Bastos MP, et al. Nascer no Brasil II: protocolo de investigação da saúde materna, paterna e da criança no pós-parto. Cad Saúde Pública. 2024;40(4):e00249622. https://doi.org/10.1590/0102-311XPT249622

World Health Organization. Recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience [Internet]. World Health Organization; 2016 [acessado em 6 nov. 2024]. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241549912

Bohren MA, Mehrtash H, Fawole B, Maung TM, Balde MD, Maya E, et al. How women are treated during facility-based childbirth in four countries: a cross-sectional study with labour observations and community-based surveys. Lancet. 2019;394(10210):1750-63. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)31992-0

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil [Internet]. Brasil; 1987 [acessado em 17 jul. 2024]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-322142-publicacaooriginal-1-pl.html

Convenção de Belém do Pará [Internet]. 1994 [acessado em 17 jul. 2024]. Disponível em: https://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm

Terán P, Castellanos C, González Blanco M, Ramos D. Violência obstétrica: percepción de las usuarias. Rev Obstet Ginecol Venezuela. 2013;73(3):171-80.

Flensborg-Madsen T, Grønkjær M, Mortensen EL. Predictors of early life milestones: Results from the Copenhagen Perinatal Cohort. BMC Pediatr. 2019;19:420. https://doi.org/10.1186/s12887-019-1778-y

Publicado

2025-08-28

Número

Sección

Artigos Originais

Cómo citar

Leite, T. H., Marques, E. S., Leal, M. do C., Domingues, R. M. S. M., Nakamura-Pereira, M., Theme Filha, M. M., Baldisserotto, M. L., Caetano, K. de C., Carvalho, T. D. G. de, Fernandes, F. F., Costa, R. M. da, Chiavazzoli, A., & Mesenburg, M. A. (2025). Violência obstétrica no estado do Rio de Janeiro: Pesquisa Nascer no Brasil II. Revista De Saúde Pública, 59(S1), e240561. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059006536