Prevalência de sífilis na gestação e testagem pré-natal: Estudo Nascer no Brasil

Autores

  • Rosa Maria Soares Madeira Domingues Fundação Oswaldo Cruz; Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas; Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids
  • Celia Landmann Szwarcwald Fundação Oswaldo Cruz; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
  • Paulo Roberto Borges Souza Junior Fundação Oswaldo Cruz; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
  • Maria do Carmo Leal Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005114

Resumo

OBJETIVO Analisar a cobertura de testagem para sífilis durante a assistência pré-natal e estimar a prevalência de sífilis na gestação. MÉTODOS Coorte nacional de base hospitalar, realizada no Brasil, de 2011 a 2012, com 23.894 mulheres. Foram utilizados dados obtidos na entrevista com a puérpera, no prontuário hospitalar e nos cartões de pré-natal. Foram considerados casos de sífilis na gestação todas as gestantes com resultado de sorologia reagente no cartão ou diagnóstico de sífilis durante a internação para o parto. Prevalência de sífilis e coberturas de testagem foram analisadas segundo região de residência, cor da pele, escolaridade, idade materna e tipo de serviço de assistência pré-natal e ao parto, com utilização do teste estatístico Qui-quadrado. RESULTADOS Houve cobertura pré-natal de 98,7% das mulheres, cobertura de testagem para sífilis de 89,1% (um exame) e 41,2% (dois exames), bem como prevalência de sífilis na gestação de 1,02% (IC95% 0,84;1,25). Menor cobertura pré-natal foi observada na região Norte, em indígenas, em mulheres com menor escolaridade e naquelas atendidas em serviços públicos. Coberturas mais baixas de testagem ocorreram em residentes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, Sul em mulheres não brancas, mais jovens, de menor escolaridade e atendidas em serviços públicos. Maior prevalência de sífilis foi estimada em mulheres com menos de oito anos de escolaridade (1,74%), que se declararam pretas (1,8%) ou pardas (1,2%), mulheres sem pré-natal (2,5%) e naquelas atendidas em serviços públicos (1,37%) ou mistos (0,93%). CONCLUSÕES A prevalência estimada de sífilis na gestação foi semelhante à encontrada no último Estudo-Sentinela Parturiente realizado em 2006. Houve ampliação da cobertura pré-natal e de testagem, com alcance das metas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde em duas regiões. Desigualdades regionais e sociais no acesso aos serviços de saúde, aliadas a outras falhas na assistência, para a persistência da sífilis congênita como importante problema de saúde pública no País.

Publicado

2014-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Domingues, R. M. S. M., Szwarcwald, C. L., Souza Junior, P. R. B., & Leal, M. do C. (2014). Prevalência de sífilis na gestação e testagem pré-natal: Estudo Nascer no Brasil . Revista De Saúde Pública, 48(5), 766-774. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005114