Coinfecção TB-HIV: distribuição espacial e temporal na maior metrópole brasileira

Autores/as

  • Roberta Figueiredo Cavalin Universidade de São Paulo
  • Alessandra Cristina Guedes Pellini Universidade Nove de Julho
  • Regina Rocha Gomes de Lemos Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação de Vigilância em Saúde de São Paulo
  • Ana Paula Sayuri Sato Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002108

Palabras clave:

Tuberculose, epidemiologia, Infecções por HIV, epidemiologia, Análise Espacial, Estudos de Séries Temporais

Resumen

OBJETIVO: Descrever a distribuição espacial e temporal da coinfecção TB-HIV, assim como o perfil das características da população coinfectada no município de São Paulo. MÉTODOS: E studo e cológico e d e s érie t emporal c om d ados d o S istema d e C ontrole d e Pacientes com Tuberculose (TBWeb), incluindo todos os casos novos de tuberculose coinfectados pelo HIV residentes no município no período de 2007 a 2015. Tendências temporais do agravo foram analisadas por regressão de Prais-Winsten. Os casos foram geocodificados pelo endereço de residência para a elaboração de mapas com as taxas de incidência suavizadas pelo método bayesiano empírico local. Os índices de Moran global e local avaliaram a autocorrelação espacial. O perfil dos indivíduos foi descrito e as características dos casos com e sem residência fixa foram comparadas pelos testes de qui-quadrado ou exato de Fisher. RESULTADOS: Foram analisados 6.092 casos novos de coinfecção TB-HIV (5.609 com residência fixa e 483 sem residência fixa). A proporção de coinfecção TB-HIV variou de 10,5% a 13,7%, com queda de 3,0% ao ano (IC95% -3,4 – -2,6), e foi maior nos indivíduos sem residência fixa em todo o período. As taxas de incidência apresentaram diminuição de 3,6% ao ano (IC95% -4,4% – -2,7%), declinando de 7,0 para 5,3 por 100 mil habitantes/ano. A coinfecção apresentou autocorrelação espacial positiva e significativa, com padrão espacial heterogêneo e um aglomerado de alto risco na região central do município. A cura foi alcançada em 55,5% dos casos com residência fixa e em 32,7% daqueles sem residência. CONCLUSÕES: Os dados indicam um importante avanço no controle da coinfecção TB-HIV no período analisado. Todavia, foram identificadas áreas e populações que se apresentaram desigualmente afetadas pelo agravo, e que devem ser priorizadas no aprimoramento das ações de prevenção e controle da coinfecção.

Biografía del autor/a

  • Roberta Figueiredo Cavalin, Universidade de São Paulo

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. São Paulo, SP, Brasil

  • Alessandra Cristina Guedes Pellini, Universidade Nove de Julho

    Universidade Nove de Julho. Faculdade de Medicina. Diretoria de Ciências Médicas. São Paulo, SP, Brasil

  • Regina Rocha Gomes de Lemos, Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação de Vigilância em Saúde de São Paulo

    Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação de Vigilância em Saúde de São Paulo. Programa Municipal de Controle da Tuberculose. São Paulo, SP, Brasil

  • Ana Paula Sayuri Sato, Universidade de São Paulo

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia. São Paulo, SP, Brasil

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Publicado

2020-12-14

Número

Sección

Original Articles

Cómo citar

Cavalin, R. F., Pellini, A. C. G., Lemos, R. R. G. de, & Sato, A. P. S. (2020). Coinfecção TB-HIV: distribuição espacial e temporal na maior metrópole brasileira. Revista De Saúde Pública, 54, 112. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002108