Mortalidade em agentes da polícia rodoviária federal: série temporal entre 2001 e 2020

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056004210

Palabras clave:

Polícia, Mortalidade, tendências, Causas de Morte, Estudos de Séries Temporais

Resumen

OBJETIVO Descrever e analisar a tendência de mortalidade, por todas as causas, em agentes da polícia rodoviária federal, entre os anos de 2001 e 2020. MÉTODOS Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais, baseado em dados oficiais sobre mortalidade registrados no sistema de cadastro nacional da polícia rodoviária federal e de certidões de óbitos do sistema de cadastro federal. Foram coletados os óbitos de agentes que estavam em efetivo exercício entre 2001 e 2020. Realizou-se análise descritiva, calcularam-se proporções e taxas de incidência por 1.000 policiais. Utilizou-se qui-quadrado para análises bivariadas e regressão de Prais-Winsten para análise de tendência. RESULTADOS Ocorreram 346 óbitos (11 por causas indeterminadas), dos quais 146 foram por mortes naturais e 189 não naturais. A maioria das mortes ocorreu em policiais do sexo masculino (n = 333; 96,3%), acima de 35 anos (n = 265; 76,6%), tempo de serviço até 15 anos (n = 185; 53,5%), da região Nordeste e por causas não naturais (n = 189; 56,4%). O número absoluto de óbitos de agentes apresentou tendência decrescente ao longo da série (p = -0,78; IC95% -1,03 – -0,5). Entre as principais causas de morte estão acidentes de trânsito (n = 96; 28,7%), doenças cardiovasculares (n = 58; 17,3%), violência interpessoal (n = 51; 15,2%), suicídio (n = 35; 10,5%) e neoplasias malignas (n = 35; 10,4%). As mortes naturais predominaram entre os agentes com idade entre 51–73 anos (68,3%; IC95% 58,6–76,7) e mais de 26 anos de serviço (64,7%; IC95% 52,7–75,1), já as não naturais, entre a faixa etária de 19–35 anos (87,3%; IC95% 78,0–93,1) e de até 15 anos de serviço (70,2%; IC95% 63,1–76,4). CONCLUSÕES Conclui-se que a tendência das mortes de agentes da polícia rodoviária federal foi decrescente no período. O conhecimento das causas de mortalidade pode auxiliar no desenvolvimento de políticas de prevenção de doenças e proteção à saúde desses policiais.

Referencias

Violanti JM, Charles LE, McCanlies E, Hartley TA, Baughman P, Andrew ME, et al. Police stressors and health: a state-of-the-art review. Policing. 2017;40(4):642-56. https://doi.org/10.1108/PIJPSM-06-2016-0097

Zimmerman FH. Cardiovascular disease and risk factors in law enforcement personnel. Cardiol Rev. 2012;20(4):159-66. https://doi.org/10.1097/CRD.0b013e318248d631

Mona GG, Chimbari MJ, Hongoro C. A systematic review on occupational hazards, injuries and diseases among police officers worldwide: policy implications for the South African Police Service. J Occup Med Toxicol. 2019;14:2. https://doi.org/10.1186/s12995-018-0221-x

Bannai A, Tamakoshi A. The association between long working hours and health: a systematic review of epidemiological evidence. Scand J Work Environ Health. 2014;40(1):5-18. https://doi.org/10.5271/sjweh.3388

Garbarino S, Guglielmi O, Puntoni M, Bragazzi NL, Magnavita N. Sleep quality among police officers: implications and insights from a systematic review and meta-analysis of the literature. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(5):885. https://doi.org/10.3390/ijerph16050885

Vena JE, Charles LE, Gu JK, Burchfiel CM, Andrew ME, Fekedulegn D, et al. Mortality of a Police Cohort: 1950-2005. J Law Enforc Leadersh Ethics. 2014;1(1):7-20. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4681405/

Souza ER, Minayo MCS. Policial, risco como profissão: morbimortalidade vinculada ao trabalho. Cienc Saude Colet. 2005;10(4):917-28. https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000400015

Forastiere F, Perucci CA, Di Pietro A, Miceli M, Rapiti E, Bargagli A, et al. Mortality among urban policemen in Rome. Am J Ind Med. 1994;26(6):785-98. https://doi.org/10.1002/ajim.4700260607

Vena JE, Violanti JM, Marshall J, Fiedler RC. Mortality of a municipal worker cohort: III. Police officers. Am J Ind Med. 1986;10(4):383-97. https://doi.org/10.1002/ajim.4700100406

Violanti JM, Vena JE, Petralia S. Mortality of a police cohort: 1950-1990. Am J Ind Med. 1998;33(4):366-73. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0274(199804)33:4%3C366::AID-AJIM6%3E3.0.CO;2-S

Fórum Brasileiro de Segurança. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. 14. ed. São Paulo; 2020. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/02/anuario-2020-final-100221.pdf

Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10. rev. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo; 1997.

Antunes JLF, Cardoso MRA. Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(3):565-76. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000300024

Limeira MLC, Donato RS. Análise dos acidentes de trânsito com morte de policial militar em serviço na brigada militar – de 2006 a 2016. Prod Produção. 2019;20(2). Disponivel em: https://seer.ufrgs.br/ProdutoProducao/article/view/85905

Merino PS. Mortalidade em efetivos da Polícia Militar do Estado de São Paulo [dissertação]. São Paulo, SP: Universidade Federal de São Paulo; 2010.

Minayo MCS, Souza ER, Constantino P, organizadoras. Missão prevenir e proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Fiocuz; 2008. Capítulo 10, Profissão de risco; p.178-204. Disponível em: https://books.scielo.org/id/y28rt

Muniz JO. Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser: Cultura e cotidiano da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro [tese]. Rio de Janeiro, RJ: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro; 1999.

Brasil. Decreto N° 1.655, de 3 de outubro de 1995. Define a competência da Polícia Rodoviária Federal, e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil; 1995.

Marins EF, Ferreira RW, Del Vecchio FB. Cardiorespiratory and neuromuscular fitness of Federal Highway Police officers. Rev Bras Med Esporte. 2018;24(6):426-31. https://doi.org/10.1590/1517-869220182406185222

Marins EF, Del Vecchio FB. Programa Patrulha da Saúde: indicadores de saúde em policiais rodoviários federais. Scientia Med (Porto Alegre). 2017;27(2):25855. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.2.25855

Marins EF, Dawes JJ, Del Vecchio FB. Age and sex differences in fitness among Brazilian Federal Highway Patrol officers. J Strength Cond Res. 2021 Mar 16. https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000004007 Ahead of Print.

Violanti JM, Owens SL, McCanlies E, Fekedulegn D, Andrew ME. Law enforcement suicide: a review. Policing. 2019;42(2):141-64. https://doi.org/10.1108/PIJPSM-05-2017-0061

Stanley IH, Hom MA, Joiner TE. A systematic review of suicidal thoughts and behaviors among police officers, firefighters, EMTs, and paramedics. Clin Psychol Rev. 2016;44:25-44. https://doi.org/10.1016/j.cpr.2015.12.002

Bernert RA, Kim JS, Iwata NG, Perlis ML. Sleep disturbances as an evidence-based suicide risk factor. Curr Psychiatry Rep. 2015;17:15. https://doi.org/10.1007/s11920-015-0554-4

Laurenti R, Mello Jorge MHP, Gotlieb SLD. Mortalidade segundo causas: considerações sobre a fidedignidade dos dados. Rev Panam Salud Publica. 2008;23(5):349-56. Disponível em: https://scielosp.org/pdf/rpsp/2008.v23n5/349-356/pt

Publicado

2022-09-16

Número

Sección

Original Articles

Cómo citar

Marins, E. F., Ferreira, R. W. ., Freitas, F. C. de ., Dutra, G. F. de A. A., Vasconcelos Júnior, J. R. e ., & Caputo, E. L. (2022). Mortalidade em agentes da polícia rodoviária federal: série temporal entre 2001 e 2020. Revista De Saúde Pública, 56, 82. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056004210