Cuidado e limitações funcionais em atividades cotidianas – ELSI-Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2018052000650Palavras-chave:
Idoso, Envelhecimento, Atividades Cotidianas, Cuidadores, Inquéritos EpidemiológicosResumo
OBJETIVO: Investigar as prevalências da demanda e da oferta de cuidados à população brasileira com limitações funcionais em atividades básicas da vida diária. MÉTODOS: Estudo quantitativo e descritivo, que utiliza dados da linha de base do ELSIBrasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Idoso), estudo de coorte com amostra representativa da população brasileira de pessoas a partir de 50 anos (n = 9.412). Considera-se a demanda de cuidados a partir do autorrelato de ter alguma dificuldade para o desempenho de pelo menos uma atividade básica da vida diária (comer, tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, locomoverse em um cômodo e transferir-se da cadeira). A oferta de cuidado foi medida por ter alguma ajuda para realizar a atividade básica da vida diária. RESULTADOS: Cerca de um quarto dos indivíduos avaliados (23,2%) relatou dificuldade em pelo menos uma atividade básica da vida diária, sobretudo quanto à transferência e vestimenta. A idade, a escolaridade e o número de doenças crônicas associaram-se de forma significativa com a dificuldade nas atividades básicas da vida diária. Entre os que referiam dificuldade, 35,1% contavam com a ajuda de outrem e 11,8% não recebiam nenhuma ajuda (insuficiência de cuidado). As atividades com maior insuficiência de cuidado foram: tomar banho (13,3%) e transferir-se (11,7%), o que revela uma condição indigna de sobrevivência. O cuidado continua sendo uma questão familiar (94,1%) e feminina (72,1%); apesar das importantes mudanças ocorridas na sociedade, ainda há insuficiência de políticas de cuidado voltadas para essa área. Dos cuidadores, 25,8% referiram parar de trabalhar ou estudar para exercer essa função; e apenas 9,2% eram remunerados (contratados ou familiares). CONCLUSÕES: Os resultados do ELSI-Brasil revelam a expressiva demanda de cuidados pela população brasileira a partir de 50 anos com limitações funcionais em atividades básicas de vida diária e a insuficiência de políticas de cuidados voltadas a esse público.