Quedas acidentais em mulheres de meia-idade

Autores

  • Lígia Raquel Ortiz Gomes Stolt Universidade Federal da Paraíba
  • Daniel Vieira Kolish Articulab – Ortopedia Moderna Especializada. Fisioterapeuta em reabilitação ortopédica e facilitador de processos de trabalho e desenvolvimento de projetos
  • Maria Regina Alves Cardoso Universidade de São Paulo
  • Clarice Tanaka Universidade de São Paulo
  • Erika Flauzino Silva Vasconcelos Centro Universitário FUNVIC
  • Elaine Cristina Pereira Centro Universitário FUNVIC
  • Máyra Cecilia Dellú Universidade de Taubaté
  • Wendry Maria Paixão Pereira Centro Universitário FUNVIC
  • José Mendes Aldrighi Universidade de São Paulo
  • Ana Carolina Basso Schmitt Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002579

Palavras-chave:

Mulheres, Acidentes por Quedas, Causas Externas, Epidemiologia, Prevalência

Resumo

OBJETIVO: Estimar a prevalência de quedas acidentais em mulheres e identificar possíveis associações de variáveis sociodemográficas, clínicas e de hábitos de vida com as quedas, em 2007 e 2014. MÉTODOS: Foram realizados dois estudos transversais, em 2007 e 2014, dentro do Projeto de Saúde de Pindamonhangaba (PROSAPIN), com mulheres com idades variando de 35 a 75 anos. As amostras probabilísticas foram selecionadas dentre as mulheres residentes no município e participantes da Estratégia Saúde da Família. A coleta de dados incluiu: entrevista face a face, exame antropométrico e exame sanguíneo. A variável de desfecho “Sofreu queda nos últimos seis meses?” foi levantada durante a entrevista. Foram estimadas as prevalências de quedas em 2007 e 2014 por ponto e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Modelos de regressão logística múltipla foram construídos para identificar a associação das variáveis independentes e a ocorrência de quedas para cada ano a partir da odds ratio (OR). Utilizou-se o software Stata 14.0 para análise estatística. RESULTADOS: A s p revalências d e q uedas a cidentais f oram: 17,6% ( IC95% 14,9–20,5) e m 2007 e 17,2% (IC95% 14,8–19,8) em 2014. Em 2007 os fatores associados a quedas foram: idade de 50–64 anos (OR = 1,81; IC95% 1,17–2,80), ensino médio (OR = 1,76; IC95% 1,06–2,93), hiperuricemia (OR = 3,74; IC95% 2,17–6,44), depressão (OR = 2,07; IC95% 1,31–3,27), sono ruim (OR = 1,78; IC95% 1,12–2,82) e sonolência diurna (OR = 1,86; IC95% 1,16–2,99). Em 2014 permaneceram: idade de 50–64 anos (OR = 1,64; IC95% 1,04–2,58), hiperuricemia (OR = 1,91; IC95% 1,07–3,43) e depressão (OR = 1,56; IC95% 1,02–2,38), acrescidos da síndrome metabólica (OR = 1,60; IC95% 1,03–2,47) e da dor musculoesquelética (OR = 1,81; IC95% 1,03–3,18). CONCLUSÕES: As quedas ocorrem de maneira importante em mulheres a partir dos 50 anos, indicando que não são restritas a idosos e que há necessidade de iniciar medidas preventivas mais precocemente. Os dois estudos mostraram magnitudes semelhantes de ocorrência de quedas acidentais e reforçaram sua multifatorialidade. Além disso, a hiperuricemia pode ser um potencial novo fator associado a quedas.

Biografia do Autor

  • Lígia Raquel Ortiz Gomes Stolt, Universidade Federal da Paraíba

    Universidade Federal da Paraíba. Departamento de Fisioterapia. João Pessoa, PB, Brasil
    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação. São Paulo, SP, Brasil

  • Daniel Vieira Kolish, Articulab – Ortopedia Moderna Especializada. Fisioterapeuta em reabilitação ortopédica e facilitador de processos de trabalho e desenvolvimento de projetos

    Articulab – Ortopedia Moderna Especializada. Fisioterapeuta em reabilitação ortopédica e facilitador de processos de trabalho e desenvolvimento de projetos. São Paulo, SP, Brasil.

  • Maria Regina Alves Cardoso, Universidade de São Paulo

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia. São Paulo, SP, Brasil

  • Clarice Tanaka, Universidade de São Paulo

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação. São Paulo, SP, Brasil
    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. São Paulo, SP, Brasil
    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Hospital das Clínicas. Laboratório de Investigação em Fisioterapia. São Paulo, SP, Brasil

  • Erika Flauzino Silva Vasconcelos, Centro Universitário FUNVIC

    Centro Universitário FUNVIC. Curso de Fisioterapia. Pindamonhangaba, SP, Brasil

  • Elaine Cristina Pereira, Centro Universitário FUNVIC

    Centro Universitário FUNVIC. Curso de Fisioterapia. Pindamonhangaba, SP, Brasil

  • Máyra Cecilia Dellú, Universidade de Taubaté

    Universidade de Taubaté. Departamento de Fisioterapia. Taubaté, SP, Brasil

  • Wendry Maria Paixão Pereira, Centro Universitário FUNVIC

    Centro Universitário FUNVIC. Curso de Fisioterapia. Pindamonhangaba, SP, Brasil

  • José Mendes Aldrighi, Universidade de São Paulo

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Saúde Materno-Infantil. São Paulo, SP, Brasil

  • Ana Carolina Basso Schmitt, Universidade de São Paulo

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação. São Paulo, SP, Brasil
    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. São Paulo, SP, Brasil

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Publicado

2020-12-12

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Stolt, L. R. O. G., Kolish, D. V., Cardoso, M. R. A., Tanaka, C., Vasconcelos, E. F. S., Pereira, E. C., Dellú, M. C., Pereira, W. M. P., Aldrighi, J. M., & Schmitt, A. C. B. (2020). Quedas acidentais em mulheres de meia-idade. Revista De Saúde Pública, 54, 141. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002579