Evolução da assistência à gestação e ao parto no extremo sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003128

Palavras-chave:

Cuidado Pré-Natal, tendências, Serviços de Saúde Materno-Infantil, Serviços de Saúde Reprodutiva, Centros de Assistência à Gravidez e ao Parto, métodos, Avaliação de Programas e Projetos de Saúde

Resumo

OBJETIVO Descrever a evolução da assistência à gestação e ao parto entre puérperas residentes no município de Rio Grande (RS) utilizando dados de inquéritos realizados a cada três anos, entre 2007 e 2019. MÉTODOS Em até 48 horas após o parto foi aplicado questionário único, padronizado, a todas as mães que tiveram filhos nos hospitais locais e cumpriram os critérios de inclusão. Foram investigadas características demográficas e reprodutivas, hábitos de vida, nível socioeconômico da família e cuidados recebidos durante a gestação e o parto. Na análise, utilizou-se o teste qui-quadrado de tendência linear para avaliar a distribuição dos indicadores por inquérito. RESULTADOS Ao todo, 12.645 parturientes foram entrevistadas (98% do total de mulheres aptas a participar da pesquisa). No período avaliado, a proporção de partos caiu 35% entre adolescentes e aumentou 25% entre mulheres com 35 anos ou mais. As mães ganharam, em média, dois anos de escolaridade, e suas famílias tiveram importante melhora econômica, seguida, porém, de perda de renda no último inquérito. O tabagismo materno, antes e durante a gravidez, caiu à metade. Houve aumento na taxa de mães que iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, e aumentou também o número de consultas e de testes laboratoriais. Quase 60% das consultas de pré-natal e 80% dos partos ocorreram no Sistema Único de Saúde. Em 2019, o parto vaginal voltou a ser o mais comum. As taxas de baixo peso ao nascer (9%) e prematuridade (17%) praticamente não se modificaram. CONCLUSÕES Houve mudança importante no perfil reprodutivo e aumento da cobertura de diversos serviços de assistência pré-natal e parto. As crianças seguem nascendo bem, mas o baixo peso ao nascer e a prematuridade continuam endêmicos.

Referências

World Health Organization. WHO Recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience. Geneva (CH): WHO; 2016. [ Links ]

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, DF; 2012. (Série A. Normas e Manuais Técnicos); (Cadernos de Atenção Básica; Nº 32). [ Links ]

Leal MC, Szwarcwald CL, Almeida PVB, Aquino EML, Barreto ML, Barros FC, et al. Reproductive, maternal, neonatal and child health in the 30 years since the creation of the Unified Health System (SUS). Cienc Saude Coletiva. 2018;23(6):1915-28. https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.03942018 [ Links ]

Leal MC, Esteves-Pereira AP, Viellas EF, Domingues RMSM, Gama SGN. Prenatal care in the Brazilian public sector. Rev Saude Publica. 2020;54:8. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001458 [ Links ]

Mario DN, Rigo L, Boclin KLS, Malvestio LMM, Anziliero D, Horta BL, et al. Quality of prenatal care in Brazil: National Health Research 2013. Cienc Saude Coletiva. 2019;24(3):1223-32. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.13122017 [ Links ]

Barros AJD, Victora CG, Horta BL, Wehrmeister FC, Bassani D, Silveira MF, et al. Antenatal care and cesarean sections: trends and inequalities in four population- based birth cohorts in Pelotas, Brazil, 1982–2015. Int J Epidemiol. 2019;48 Suppl1:i37-i45. https://doi.org/10.1093/ije/dyy211 [ Links ]

Silva AAM, Batista RFL, Simões VMF, Thomaz EBAF, Ribeiro CCC, Lamy Filho F, et al. Changes in perinatal health in two birth cohorts (1997/1998 and 2010) in São Luís, Maranhão State, Brazil. Cad Saude Publica. 2015;31(7):1437-50. https://doi.org/10.1590/0102-311X00100314 [ Links ]

Bernardes ACFB, Silva RA, Coimbra LC, Alves MTSSB, Queiroz RCS, Batista RFL, Bettiol H, et al. Inadequate prenatal care utilization and associated factors in São Luís, Brazil. BMC Pregnancy Childbirth. 2014;14:266. https://doi.org/10.1186/1471-2393-14-266 [ Links ]

Victora CG, Aquino EML, Leal MC, Monteiro CA, Barros FC, Szarcwald CL, et al. Maternal and child health in Brazil: progress and challenges. Lancet. 2011;377(9780):1863-76. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60138-4 [ Links ]

Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, Departamento de Gestão da Tecnologia da Informação. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Porto Alegre, RS; 2020 [cited 2020 Jun 2]. Available from: http://bipublico.saude.rs.gov.br. [ Links ]

Lauritsen JM, editor. EpiData data entry, data management and basic Statistical Analysis System. Odense (DK): EpiData Association; 2000–2008 [cited 2017 Oct 20]. Available from: http://www.epidata.dk [ Links ]

Dean A, Arner T, Sunki G, Friedman R, Lantinga M, Sangam S, et al. Epi InfoTM, a database and statistics program for public health professionals. Atlanta, GA: CDC; 2011. [ Links ]

Harris PA, Taylor R, Thielke R, Payne J, Gonzalez N, Conde JG. Research Electronic data capture (REDCap): a metadata-driven methodology and workflow process for providing translational research informatics support. J Biomed Inform. 2009;42(2):377-81. https://doi.org/10.1016/j.jbi.2008.08.010 [ Links ]

Stata Corp. Stata statistical software: release 11.2. College Station (TX): Stata Corporation; 2011. [ Links ]

The Lancet Adolescent Health Commission. Preventing teenage pregnancies in Brazil [editorial]. Lancet. 2020;395(10223):468. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30352-4 [ Links ]

Sociedade Civil Bem-EstarFamiliar no Brasil. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde: 1996. Rio de Janeiro: BEMFAM; 1997. [ Links ]

Tomasi E, Fernandes PAA, Fischer T, Siqueira FCV, Silveira DS, Thumé E, et al. Qualidade da atenção pré-natal na rede básica de saúde do Brasil: indicadores e desigualdades sociais. Cad Saude Publica. 2017;33(3):e00195815. https://doi.org/10.1590/0102-311X00195815 [ Links ]

Barros AJD, Victora CG, Wehrmeister FC. Desigualdades em saúde materno-infantil no Brasil: 20 anos de progresso. Pelotas, RS: Editora UFPel; 2019. [ Links ]

D’Avila APF, Bridi MA. Indústria naval brasileira e a crise recente: o caso do Polo Naval e Offshore de Rio Grande (RS). Cad Metropole. 2017;19(38):249-68. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2017-3810 [ Links ]

Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet. 2011;377(9779):1778-97. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60054-8 [ Links ]

Castro MC, Massuda A, Almeida G, Menezes-Filho NA, Andrade MV, Noronha KVMS, et al. Brazil’s unified health system: the first 30 years and prospects for the future. Lancet. 2019;394(10195):345-56. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)31243-7 [ Links ]

World Health Organization, Division of Family Health, Maternal Health and Safe Motherhood Unit. Care in normal birth: a practical guide: report of a technical working group. Geneva (CH): WHO; 1996. [ Links ]

Leal MC, Pereira APE, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cad Saude Publica. 2014;30 Supl 1:S17-32. https://doi.org/10.1590/0102-311X00151513 [ Links ]

Ismail KMK, editor. Perineal trauma at childbirth. Cham (CH): Springer International; 2016. [ Links ]

Cunha CMP, Katz L, Lemos A, Amorim MM. Conhecimento, atitude e prática dos obstetras brasileiros em relação à episiotomia. Rev Bras Ginecol Obstet. 2019;41(11):636-46. https://doi.org/10.1055/s-0039-3400314 [ Links ]

Silveira MF, Victora CG, Horta BL, Silva BGC, Matijasevich A, Barros FC. Low birthweight and preterm birth: trends and inequalities in four population-based birth cohorts in Pelotas, Brazil, 1982-2015. Int J Epidemiol. 2019;48 Suppl1:i46-i53. https://doi.org/10.1093/ije/dyy106 [ Links ]

Loret de Mola C, Cardoso VC, Batista R, Gonçalves H, Saraiva MCP, Menezes AMB, et al. Maternal pregnancy smoking in three Brazilian cities: trends and differences according to education, income, and age. Int J Public Health. 2020;65(2):207-15. https://doi.org/10.1007/s00038-019-01328-8 [ Links ]

Silveira MF, Matijasevich A, Menezes AMB, Horta BL, Santos IS, Barros AJD, et al. Secular trends in smoking during pregnancy according to income and ethnic group: four population-based perinatal surveys in a Brazilian city. BMJ Open. 2016;6(2):e010127. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2015-010127 [ Links ]

Malta DC, Stopa SR, Santos MAS, Andrade SSCA, Oliveira TP, Cristo EB et al. Evolução de indicadores do tabagismo segundo inquéritos de telefone, 2006–2014. Cad Saude Publica. 2017;33 Supl 3:e00134915. https://doi.org/10.1590/0102-311X00134915 [ Links ]

Barros FC, Bhutta ZA, Batra M, Hansen TN, Victora CG, Rubens CE; The GAPPS Review Group. Global report on preterm birth and stillbirth (3 of 7): evidence for effectiveness of interventions. BMC Pregnancy Childbirth. 2010;10 Suppl 1:S3. https://doi.org/10.1186/1471-2393-10-S1-S3 [ Links ]

Gonzalez TN, Cesar JA. Posse e preenchimento da Caderneta da Gestante em quatro inquéritos de base populacional. Rev Bras Saude Mater Infant. 2019;19:375-82. https://doi.org/10.1590/1806-93042019000200007 [ Links ]

Publicado

2021-08-13

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Cesar, J. A., Mendoza-Sassi, R. A. ., & Marmitt, L. P. . (2021). Evolução da assistência à gestação e ao parto no extremo sul do Brasil. Revista De Saúde Pública, 55, 50. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003128

Dados de financiamento