Clusters da heterogeneidade da coinfecção tuberculose-HIV no Brasil: um estudo geoespacial

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2024058005531

Palabras clave:

Análise Espacial, Coinfecção, HIV, Tuberculose

Resumen

OBJETIVO: Analisar a geoespacialização da coinfecção tuberculose-HIV no Brasil, de 2010 a 2021, e a correlação com indicadores socioeconômicos, habitacionais e sanitários. MÉTODOS: Estudo ecológico dos municípios e estados brasileiros, com dados dos sistemas de informação do HIV e da tuberculose, previamente relacionados pelo Ministério da Saúde. Foram calculados os coeficientes brutos e suavizados pelo método bayesiano empírico local de incidência da coinfecção, por 100 mil habitantes, na população entre 18 e 59 anos. Empregaram-se os índices de Moran univariado (identificação de clusters) e bivariado (correlação com 20 indicadores). RESULTADOS: Foram registrados 122.223 casos de coinfecção no Brasil, de 2010 a 2021, com coeficiente médio de 8,30/100 mil. As regiões Sul (11,44/100 mil) e Norte (9,93/100 mil) concentraram a maior carga das infecções. Houve queda dos coeficientes no Brasil, em todas as regiões, nos anos de covid-19 (2020 e 2021). Os maiores coeficientes foram visualizados nos municípios do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso do Sul e do Amazonas, com aglomerados alto-alto nas capitais, em regiões de fronteira e no litoral do país. Os municípios pertencentes aos estados de Minas Gerais, da Bahia, do Paraná e do Piauí apresentaram clusters baixo-baixo. Houve correlação direta com os índices de desenvolvimento humano e as taxas de aids, bem como indireta com a proporção de pobres ou vulneráveis à pobreza e o índice de Gini. CONCLUSÕES: A análise espacial da coinfecção tuberculose-HIV demonstrou heterogeneidade no território brasileiro e comportamento constante ao longo do período, revelando clusters com municípios de alta carga, principalmente nos grandes centros urbanos e nos estados com ocorrência elevada do HIV e/ou da tuberculose. Esses achados, além de trazerem um alerta para os efeitos da pandemia da covid-19, podem incorporar o planejamento estratégico para o controle da coinfecção, visando à eliminação dessas infecções como problemas de saúde pública até 2030.

Referencias

Rewari BB, Kumar A, Mandal PP, Puri AK. HIV TB coinfection - perspectives from India. Expert Rev. Respir. Med. 2021;15(7):911-30. https://doi.org/10.1080/17476348.2021.1921577

World Health Organization (WHO). Global tuberculosis report 2022. Geneva (CH): WHO; 2022 [citado 7 nov 2022]. Disponível em: https://www.who.int/teams/globaltuberculosis-programme/tb-reports/global-tuberculosis-report-2022

Torpey K, Agyei-Nkansah A, Ogyiri L, Forson A, Lartey M, Ampofo W, et al. Management of TB/HIV co-infection: the state of the evidence. Ghana Med. J. 2020;54(3):186-96. https://doi.org/10.4314/gmj.v54i3.10

Shah GH, Ewetola R, Etheredge G, Maluantesa L, Waterfield K, Engetele E, et al. Risk factors for TB/HIV coinfection and consequences for patient outcomes: evidence from 241 clinics in the Democratic Republic of Congo. Int J Environ Res. Public Health. 2021;18(10):5165.

https://doi.org/10.3390/ijerph18105165

Martino RJ, Chirenda J, Mujuru HA, Ye W, Yang Z. Characteristics indicative of tuberculosis/HIV coinfection in a high-burden setting: lessons from 13,802 incident tuberculosis cases in Harare, Zimbabwe. Am. J. Trop. Med. 2020;103(1):214-20. https://doi.org/10.4269/ajtmh.19-0856

Ministério da Saúde (BR). Boletim epidemiológico: panorama epidemiológico da coinfecção TB-HIV no Brasil, 2020. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2021 [citado 13 jul 2022]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/panorama-epidemiologico-dacoinfeccao-tb-hiv-no-brasil-2020

Cavalin RF, Pellini ACG, Lemos RRG, Sato APS. TB-HIV co-infection: spatial and temporal distribution in the largest Brazilian metropolis. Rev de Saúde Pública. 2020;54:e112. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002108

Bastos SH, Taminato M, Tancredi MV, Luppi CG, Nichiata LYI, Hino P. Tuberculosis/HIV co-infection: sociodemographic and health profile of users of a specialized center. Acta Paul Enferm. 2020;33:1-7. http://dx.doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO00515

Rossetto M, Maffacciolli R, Rocha CMF, Oliveira DLLC, Serrant L. Tuberculosis/HIV/AIDS coinfection in Porto Alegre, RS/Brazil: invisibility and silencing of the most affected groups. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40:e20180033.

https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180033

Rossetto M, Brand ÉM, Rodrigues RM, Serrant L, Teixeira LB. Factors associated with hospitalization and death among TB/HIV co-infected persons in Porto Alegre, Brazil. PLoS One. 2019;40(10):e0224230. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0224230

Brand ÉM, Rossetto M, Hentges B, Winkler GB, Duarte ERM, Silva LC, et al. Survival and predictors of death in tuberculosis/HIV coinfection cases in Porto Alegre, Brazil: a historical cohort from 2009 to 2013. PLoS Glob Public Health. 2021;1(11):e0000051.

https://doi.org/10.1371/journal.pgph.0000051

Drumond B, Ângelo J, Xavier DR, Catão R, Gurgel H, Barcellos C. Dengue spatiotemporal dynamics in the Federal District, Brazil: occurrence and permanence of epidemics. Cienc Saude Colet. 2020;25(5):1641-52. https://doi.org/10.1590/1413-81232020255.32952019

Albuquerque MV, Ribeiro LHL. Inequality, geographic situation, and meanings of action in the COVID-19 pandemic in Brazil. Cad Saude Publica. 2020;36(12):e00208720. https://doi.org/10.1590/0102-311x00208720

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades e estados: Brasil. Brasília, DF; IBGE, 2023 [citado 26 jan 2023]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados

Ministério da Saúde (BR). População residente: estudo de estimativas populacionais por município, idade e sexo 2000-2021 - Brasil. Brasília, DF: MS; 2023 [citado 18 set 2023]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/popsvsbr.def

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (Atlas Brasil). Consulta de indicadores em tabela. Brasília, DF: Atlas Brasil [citado 18 set 2023]. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/consulta

Carvalho AXY, Silva GDM, Almeida Júnior GR, Albuquerque PHM. Taxas bayesianas para o mapeamento de homicídios nos municípios brasileiros. Cad Saúde Pública. 2012;28(7):1249-62. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000700004

Mello JAVB. Policentralidade e mobilidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Bitácora Urbano Territorial. 2019;29(3):11-20. https://doi.org/10.15446/bitacora.v29n3.62420

Luzardo AJ, Castañeda Filho RF, Rubim IB. Análise espacial exploratória com o emprego do índice de Moran. GEOgraphia. 2017;19(40):161. https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2017.v19i40.a13807

Berra TZ, Ramos ACV, Alves YM, Tavares RBV, Tartaro AF, Nascimento MC, et al. Impact of COVID-19 on tuberculosis indicators in Brazil: a time series and spatial analysis study. Trop Med Infect Dis. 2022;7(9):247. https://doi.org/10.3390/tropicalmed7090247

Ayres JRCM, França Junior I, Calazans G, Salletti H. Vulnerabilidade e prevenção em tempos de aids. In: Barbosa R, Parker R. Sexualidade pelo avesso: direitos, identidades e poder. Rio de Janeiro: Relume Dumará; 1999. p. 49-72.

Singer M, Bulled N, Ostrach B, Mendenhall E. Syndemics and the biosocial conception of health. Lancet. 2017;389(10.072):941-50. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)30003-X

Wouters E, Rensburg AJ, Engelbrecht M, Buffel V, Campbell L, Sommerland N, et al. How the ‘HIV/TB co-epidemic–HIV stigma–TB stigma’ syndemic impacts on the use of occupational health services for TB in South African hospitals: a structural equation modelling

analysis of the baseline data from the HaTSaH Study (cluster RCT). BMJ Open. 2022;12(4). https://doi.org/10.1136/bmjopen-2020-045477

Mhango DV, Mzinza DT, Jambo KC, Mwandumba HC. New management approaches to tuberculosis in people living with HIV. Curr Opin Infect Dis. 2021;34(1):25-33. https://doi.org/10.1097/qco.0000000000000704

Fite RO, Chichiabellu TY, Demissie BW, Hanfore LK. Tuberculosis and HIV co-infection and associated factors among HIV reactive patients in Ethiopia. JNMS. 2019;6(1):15-20. https://doi.org/10.1097/10.4103/JNMS.JNMS_50_18

Bertolozzi MR, Nichiata LYI, Takahashi RF, Ciosak SI, Hino P, Val LF, et al. Os conceitos de vulnerabilidade e adesão na saúde coletiva. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(spe2):1336-30. https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000600031

Reis AA, Alecrim TFA, Zerbetto SR, Palha PF, Ruggiero CM, Protti-Zanatta ST. Live/cope with tuberculosis/HIV and the meanings represented by the illness process: a discourse analysis. Cienc Cuid Saude. 2021;20:e57184. https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v20i0.57184

Magnabosco GT, Andrade RLP, Arakawa T, Monroe AA, Villa TCS. Tuberculosis cases outcome in people with HIV: intervention subsidies. Acta Paul Enferm. 2019; 32(5):554-63. https://doi.org/10.1590/1982-0194201900077

Lopes LM, Andrade RLP, Arakawa T, Magnabosco GT, Nemes MIB, Ruffino Netto A, et al. Vulnerability factors associated with HIV/AIDS hospitalizations: a case-control study. Rev Bras Enferm. 2020;73(3):e20180979. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0979

Alene KA, Viney K, Moore HC, Wagaw M, Clements ACA. Spatial patterns of tuberculosis and HIV co-infection in Ethiopia. PLoS One. 2019;14(12):e0226127. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0226127

Aturinde A, Farnaghi M, Pilesjö P, Mansourian A. Spatial analysis of HIV-TB co-clustering in Uganda. BMC Infect Dis. 2019;19(1):612. https://doi.org/10.1186%2Fs12879-019-4246-2

Otiende V, Achia T, Mwambi H. Bayesian modeling of spatiotemporal patterns of TB-HIV co-infection risk in Kenya. BMC Infect. Dis. 2019;19(1). https://doi.org/10.1186/s12879-019-4540-z

Gomechu LL, Debusho LK. Spatial co-clustering of tuberculosis and HIV in Ethiopia. Diseases. 2022;10(4):106. https://doi.org/10.3390/diseases10040106

Sousa AIA, Pinto Júnior VL. Spatial and temporal analysis of AIDS cases in Brazil, 1996-2011: increased risk areas over time. Epidemiol Serv Saude. 2016;25(3):467-76. https://doi.org/10.5123/s1679-49742016000300003

Santos JAF. Classe social, território e desigualdade de saúde no Brasil. Saúde Soc. 2018;27(2). https://doi.org/10.1590/S0104-12902018170889

Mosha NR, Todd J, Mukerebe C, Marston M, Colombe S, Clark B, et al. The prevalence and incidence of HIV in the ART era (2006-2016) in North West Tanzania. Int J STD AIDS. 2022;33(4):337-49. https://doi.org/10.1177%2F09564624211065232

Oliveira LS, Caixeta LM, Martins JLR, Segati KD, Moura RS, Daher MC. Adherence to antiretroviral therapy and correlation with adverse effects and coinfections in people living with HIV/AIDS in the municipality of Goiás State. Rev Soc Bras Med Trop. 2018;51(4):436-44. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0467-2017

Ministério da Saúde (BR). Indicadores e dados básicos de monitoramento clínico de HIV. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2023 [citado 26 jan 2023]. Disponível em: http://indicadoresclinicos.aids.gov.br/

Mohammaadi Y, Mirzaei M, Shirmohammadi-Khorram N, Farhadian M. Identifying risk factors for late HIV diagnosis and survival analysis of people living with HIV/AIDS in Iran (1987-2016). BMC Infect. Dis. 2021;21(1). https://doi.org/10.1186/s12879-021-06100-z

Antonini M, Gerin L, Melo ES, Pontes PS, Arantes LMN, Ferreira GRON, et al. Prevalence and factors associated with late diagnosis of the HIV infection in a municipality of São Paulo. Texto contexto – Enferm. 2022;31: e20200579.

https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2020-0579

Campos RB, Silva-Sobrinho RA, Brunello MEF, Zilly A, Palha PF, Villa TCS. Control of tuberculosis in a border city: analysis of the institutional capacity of health services. Cogitare Enferm. 2018;23(2):e53251. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i2.53251

Gelaw YA, Magalhães RJS, Assefa Y, Williams G. Spatial clustering and socio-demographic determinants of HIV infection in Ethiopia, 2015–2017. Int J Infect Dis. 2019;82:33-9. https://doi.org/10.1016/j.ijid.2019.02.046

Pavinati G, Lima LV, Monteiro LRS, Silva IGP, Magnabosco GT. Análise da internação e mortalidade por HIV no Brasil, 2016-2020. Rev. urug. enferm. 2023;18(1):a8. https://doi.org/10.33517/rue2023v18n1a8

Garnelo L, Lima JG, Rocha ESC, Herkrath FJ. Access and coverage of Primary Health Care for rural and urban populations in the northern region of Brazil. Saude Debate. 2018;42(suppl 1):81-99. https://doi.org/10.1590/0103-11042018s106

Sousa GJB, Monte GLA, Sousa DG, Maranhão TA, Pereira MLD. Spatiotemporal pattern of the incidence of tuberculosis and associated factors. Rev Bras Epidemiol. 2022;25:e220006. https://doi.org/10.1590/1980-549720220006

Paiva SS, Pedrosa NL, Galvão MTG. Spatial analysis of AIDS and the social determinants of health. Rev Bras Epidemiol. 2019;22:e190032. https://doi.org/10.1590/1980-549720190032

Stop TB Partnership (Stop-TB). Civil Society-Led TB/COVID-19 Working Group. The impact of COVID-19 on the TB epidemic: a community perspective. Geneva: Stop-TB; 2020 [citado 4 maio 2023]. Disponível em: https://www.aidsdatahub.org/sites/default/files/

resource/impact-covid-19-tb-2020.pdf

Ntoumi F, Nachega JB, Aklillu E, Chakaya J, Felker I, Amanullah F, et al. World Tuberculosis Day 2022: aligning COVID-19 and tuberculosis innovations to save lives and to end tuberculosis. Lancet Infect Dis. 2022;22:442-4. https://doi.org/10.1016/s1473-3099(22)00142-6

Gatechompol S, Avihingsanon A, Putcharoen O, Ruxrungtham K, Kurizkes DR. COVID-19 and HIV infection co-pandemics and their impact: a review of the literature. AIDS Res Ther. 2021;18(1):28. https://doi.org/10.1186/s12981-021-00335-1

Moreno R, Ravasi G, Avedillo P, Lopez R. Tuberculosis and HIV coinfection and related collaborative activities in Latin America and the Caribbean. Rev Panam Salud Publica. 2020;44:e43. https://doi.org/10.26633/RPSP.2020.43

Publicado

2024-03-27

Número

Sección

Original Articles

Cómo citar

Monroe, A. A., Lima, L. V. de, Pavinati, G., Bossonario, P. A., Pelissari, D. M., Alves, K. B. A., & Magnabosco, G. T. (2024). Clusters da heterogeneidade da coinfecção tuberculose-HIV no Brasil: um estudo geoespacial. Revista De Saúde Pública, 58(1), 10. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2024058005531

Datos de los fondos