Hábitos alimentares, infecção natural e distribuição de triatomíneos domiciliados na região central do Brasil

Autores

  • Oswaldo Paulo Forattini Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia
  • José Maria Soares Barata Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia
  • Jair Lício Ferreira Santos Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia
  • Antonio Carlos Silveira Ministério da Saúde; Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89101982000400001

Palavras-chave:

Tripanossomíase americana, Triatomíneos^i1^sregião central do Bra, Triatomíneos^i1^shábitos alimenta, Triatomíneos^i1^sinfecção natu, Triatomíneos^i1^sdomicilia

Resumo

Apresentam-se as informações obtidas no inquérito triatomíneo levado a efeito na região central do Brasil. As características biogeográficas incluem a existência de áreas abertas dos cerrados e amplas faixas transicionais com outras feições paisagísticas. Dentre estas destacam-se a floresta tropical atlântica e a presença de extensas inclusões florestadas (florestas, galerias e capões de matas de diferentes ordens de grandeza). No período de 1975/1980 foram examinados 3.160 triatomíneos coletados no ambiente domiciliar, objetivando detectar a presença de sangue ingerido e de infecção natural por Trypanosoma tipo cruzi. Por ordem de freqüência, as espécies encontradas foram Triatoma infestans (43,5%), Triatoma sordida (33,0%) e Panstrongylus megistus (23,5%) e algumas outras menos freqüentes. A presença de sangue foi detectada em 35,9% e a infecção em 2,2% desse total de espécimens examinados. Na mobilidade alimentar obteve-se coeficientes gerais de 54,0% para ave e 30,0% para homem. De maneira específica, revelaram-se apreciáveis níveis de antropofilia para T. infestans e de ornitofilia para T. sordida. Quanto a P. megistus, se bem que encontrado frequentemente com sangue de mamíferos, apresentou também boa presença de sangue de ave. A presença de sangue humano em exemplares coletados no peridomicílio evidenciou a ocorrência de mobilidade espacial, em especial modo por parte de P. megistus e T. sordida. A distribuição geográfica mostrou o caráter autóctone de T. sordida em relação ao domínio de cerrado, com poder invasivo para o das áreas florestadas. O inverso verificou-se com relação a P. megistus, enquanto que T. infestans revelou seu aspecto invasivo para ambas as regiões, sob influência da atividade humana. Os resultados permitem concluir que, na transmissão regional epidemiologicamente signicante da tripanossomíase americana, desempenha papel relevante o T. infestans em primeiro lugar, e o P. megistus, em segundo. Este poderá vir a ter maior atuação, na dependência de fatores vários, como a sua capacidade de invasão domiciliar. Quanto a T. sordida, na atualidade, representa risco potencial de infestação ou reinfestação das habitações. O controle rotineiro, mediante a desinsetização domiciliar deverá fornecer bons resultados, com a eliminação da transmissão nesse ambiente. Todavia, continuará o risco de reinfestação, pelo menos no peridomicílio face aos focos extradomiciliares de P. megistus e T. sordida. Isso implicará, necessariamente, vigilância cuja eficiência estará na dependência da continuidade das pesquisas.

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Publicado

1982-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Forattini, O. P., Barata, J. M. S., Santos, J. L. F., & Silveira, A. C. (1982). Hábitos alimentares, infecção natural e distribuição de triatomíneos domiciliados na região central do Brasil . Revista De Saúde Pública, 16(4), 171-204. https://doi.org/10.1590/S0034-89101982000400001