Hábitos alimentares aterogênicos de grupos populacionais em área metropolitana da região sudeste do Brasil

Autores

  • Ignez Salas Martins Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição
  • Rosa Nilda Mazzilli Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição
  • Rosário Alonso Nieto Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição
  • Elaine Donizeti Alvares Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição
  • Rosely Oshiro Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição
  • Maria de Fátima Nunes Marucci Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição
  • Monica Inês Casajus Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89101994000500008

Palavras-chave:

Dieta aterogênica, Classe social, Hábitos alimentares

Resumo

Em amostra representativa da população de duas áreas de estudo (568 indivíduos), Município de Cotia, SP, Brasil, foi realizado inquérito alimentar, baseado na história alimentar do indivíduo. Os objetivos foram: identificar o potencial aterogênico de dietas de diferentes agrupamentos humanos, estratificados em classes sociais e analisar diferenciais de consumo de alguns nutrientes, que conferem aterogenicidade à dieta entre esses agrupamentos. Foram analisados diferenciais de consumo, entre homens e mulheres, segundo classes sociais e tomando-se como referência o percentil 50 (P50) da amostra, dos seguintes constituintes da dieta: energia, proteínas totais, proteínas de origem animal, percentagem de calorias protéicas (P%), ácidos graxos, gorduras, carboidratos. Seguindo esse critério, foram analisados perfis de dieta em relação às recomendações do National Cholesterol Education Program (NEP) no que diz respeito às calorias fornecidas pelas gorduras (G >;30%), ac. graxos saturados (AGS>; 10%), carboidratos (HC>;60%) e colesterol (>;300mg/dia). Os resultados mostraram que os diferenciais de consumo foram mais pronunciados entre os homens do que entre as mulheres. As classes sociais, entre os homens, que apresentaram maiores percentuais acima do P50 da amostra, no que diz respeito à energia , proteínas totais, gorduras e carboidratos, foram as representadas pelos trabalhadores não qualificados, que se dedicam a trabalhos braçais com alto consumo energético e a dos pequenos proprietários e comerciantes. A classe de maior poder aquisitivo e nível educacional apresentou consumo moderado desses constituintes. O consumo de proteínas de origem animal, acima do P50, entre homens e mulheres, guardou relação direta com o nível socioeconômico da classe . A participação calórica das gorduras (G%) e proteínas (P%) foi diretamente proporcional ao poder aquisitivo da classe, ao passo que a dos carboidratos (HC%) guardou relação inversa. Por outro lado, o consumo de colesterol acima de 300mg/dia situou-se nas faixas de 37 a 50% e de 20 a 32% para os homens e mulheres, respectivamente. A percentagem de dietas com calorias provenientes das gorduras (G%) acima de 30% variou de 25 a 40%, para os homens e de 45 a 50% para as mulheres. A participação dos ácidos graxos saturados (AGS%) em proporções maiores ou iguais a 10 foi relativamente baixa para ambos os sexos: de 5 a 17% para os homens e menos de 10% para as mulheres. Os percentuais de casos em que a relação ácidos graxos saturados e insaturados (AGS/AGI) guardou valores menores ou iguais a 1, também foi baixa para a população em geral; situou-se entre 7 e 22% para os homens e em proporções abaixo de 10%, para as mulheres. Concluiu-se que a dieta se apresenta como provável fator de risco de doenças cardiovasculares, dislipidemias, obesidade e hipertensão, para grande parte da população.

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Publicado

1994-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Salas Martins, I., Mazzilli, R. N., Alonso Nieto, R., Alvares, E. D., Oshiro, R., Marucci, M. de F. N., & Casajus, M. I. (1994). Hábitos alimentares aterogênicos de grupos populacionais em área metropolitana da região sudeste do Brasil . Revista De Saúde Pública, 28(5), 349-356. https://doi.org/10.1590/S0034-89101994000500008