Desigualdade social nas taxas de cesariana em primíparas no Rio Grande do Sul

Autores

  • Paulo Fontoura Freitas Universidade Federal de Santa Catarina; Centro de Ciências da Saúde; Programa de Pós Graduação em Saúde Pública
  • Maria de Lourdes Drachler University of East Anglia; Institute of Health; School of Allied Health Professions
  • José Carlos de Carvalho Leite University of East Anglia; Institute of Health; School of Allied Health Professions
  • Paulo Recena Grassi Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul; Coordenadoria de Informações em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000500010

Palavras-chave:

Cesárea^i1^sestatíst, Iniqüidade social, Fatores de risco, Grupos étnicos, Fatores culturais, Fatores socioeconômicos, Condições sociais, Fatores etários, Escolaridade, Indígena

Resumo

OBJETIVO: Investigar o efeito das desigualdades sociais nas taxas de cesariana em primíparas, com gravidez única e parto hospitalar. MÉTODOS: Estudo realizado no Estado do Rio Grande do Sul em 1996, 1998 e 2000. Foram utilizados dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos no cálculo das taxas anuais e das razões de chance de cesariana (RC) brutas e ajustadas para condições sociais (escolaridade e idade maternas, etnia/cor da pele e macro-regional de saúde), duração da gestação e número de consultas pré-natal. RESULTADOS: A taxa de cesarianas foi de 45%, e acima de 37% para todas as macro-regionais. As taxas aumentaram entre: mulheres de etnia indígena e negra, mulheres com mais de 30 anos, residentes nas macro-regiões Metropolitana, Vales e Serra, e com mais de seis consultas no pré-natal. Razões brutas e ajustadas indicaram taxas negativamente associadas para todas as categorias de etnia/cor, quando comparadas à cor branca da pele do recém-nascido, em especial para etnia indígena (RCaj=0,43; IC 95%: 0,31-0,59), positivamente associadas à escolaridade (RCaj=3,52; IC 95%: 3,11-3,99) e idade maternas mais elevadas (RCaj=6,87; IC 95%: 5,90-8,00), e maior número de consultas pré-natal (RCaj=2,16; IC 95%: 1,99-2,35). Os efeitos de idade e escolaridade mostraram estar parcialmente mediados pelo maior número de consultas pré-natal nas mulheres com idade e escolaridade mais elevadas. As taxas variaram entre as macro-regionais, sendo maiores na região da Serra, economicamente mais rica. CONCLUSÕES: Altas taxas de cesariana no sul do Brasil constituem problema de saúde pública e estão associadas a fatores sociais, econômicos e culturais, os quais podem levar ao mau-uso da tecnologia médica na atenção ao parto.

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Publicado

2005-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Freitas, P. F., Drachler, M. de L., Leite, J. C. de C., & Grassi, P. R. (2005). Desigualdade social nas taxas de cesariana em primíparas no Rio Grande do Sul . Revista De Saúde Pública, 39(5), 761-767. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000500010