Mudanças em dez anos das desigualdades sociais em saúde dos idosos brasileiros (1998-2008)

Autores

  • Maria Fernanda Lima-Costa Fundação Oswaldo Cruz; Centro de Pesquisas René Rachou
  • Luiz Augusto Facchini Universidade Federal de Pelotas
  • Divane Leite Matos Fundação Oswaldo Cruz; Centro de Pesquisas René Rachou
  • James Macinko New York University

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102012005000059

Palavras-chave:

Idoso, Renda, Desigualdades em Saúde, Auto-avaliação da saúde, Uso de serviços de Saúde, Capacidade funcional

Resumo

Analisar mudanças nos diferenciais por renda nas condições de saúde e no uso de serviços de saúde por idosos brasileiros. MÉTODOS: Foram analisadas amostras representativas da população brasileira com 60 anos ou mais em 1998 e 2008 (n = 27.872 e 41.198, respectivamente), oriundas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. As variáveis consideradas foram renda mensal domiciliar per capita, autoavaliação da saúde, capacidade funcional, consultas médicas e hospitalizações nos 12 meses precedentes e uso exclusivo do Sistema Único de Saúde. A análise dos dados foi baseada em estimativas de prevalência e em razões de prevalência obtidas por meio da regressão de Poisson. RESULTADOS: Em 1998 e 2008, as prevalências ajustadas por idade e sexo da autoavaliação da saúde como ruim, do comprometimento da mobilidade e da incapacidade para realizar atividades da vida diária apresentaram fortes gradientes com o quintil da renda domiciliar per capita, com pior performance entre aqueles com renda mais baixa. As razões de prevalência ajustadas por idade e sexo entre o quintil inferior (mais pobres) e o superior (mais ricos) de renda permaneceram estáveis para pior autoavaliação da saúde (RP = 3,12 [IC95% 2,79;3,51] em 1998 e 2,98 [IC95% 2,69;3,29] em 2008), comprometimento da mobilidade (RP = 1,54 [IC95% 1,44;1,65 e 1,69[IC95% 1,60;1,78], respectivamente) e incapacidade para realizar atividades da vida diária (RP = 1,79 [IC95% 1,52;2,11] e 2,02 [IC95% 1,78;2,29], respectivamente). Observou-se redução das disparidades por renda na realização de três ou mais consultas médicas e no uso exclusivo do Sistema Único de Saúde. Não foram observadas desigualdades entre os extremos de renda na ocorrência de hospitalizações no mesmo período. CONCLUSÕES: Apesar da redução das desigualdades por renda de indicadores do uso de serviços de saúde, a magnitude das disparidades nas condições de saúde não diminuiu. São necessários estudos longitudinais para um melhor entendimento da persistência dessas desigualdades entre idosos brasileiros.

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Publicado

2012-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Lima-Costa, M. F., Facchini, L. A., Matos, D. L., & Macinko, J. (2012). Mudanças em dez anos das desigualdades sociais em saúde dos idosos brasileiros (1998-2008) . Revista De Saúde Pública, 46(n. spe), 100-107. https://doi.org/10.1590/S0034-89102012005000059