Abundância e composição de lipídios em Latossolo Húmico em função do uso do solo

Resumen

A matéria orgânica de um Latossolo Húmico foi caracterizada por meio da análise da composição lipídica do solo e da serapilheira sob coberturas vegetais (café, pastagem e fragmento de mata nativa). Em cada área foram coletadas amostras de solo em duas profundidades (0-10 e 60-100 cm), assim como amostras da serapilheira. A composição lipídica foi determinada por cromatografia gasosa-espectroscopia de massa. No extrato lipídico do solo a ocorrência de ácidos alcanóicos com número par de carbonos (C16-C32) indicou presença de cera de plantas superiores na composição da matéria orgânica do solo. Tanto no solo quanto na serapilheira a principal classe de compostos incluiu n-alcanóicos saturados, com valores médios de 58 e 53% do total do cromatograma, respectivamente. Clara diferença foi encontrada entre os extratos lipídicos obtidos na superfície e subsuperfície do solo. Compostos alquílicos de cadeia longa (ácidos alcanóicos e alcanos) acumularam-se preferencialmente entre 60-100 cm. Superficialmente, o solo sob vegetação natural apresentou maiores teores de lipídios totais que os solos cultivados, mostrando também predominância de ácidos alcanóicos insaturados entre 60-100 cm. Nas áreas sob mata e pastagem houve, em profundidade, preservação de alcanos de cadeia curta; evidenciando maior conservação dos mesmos nestes sistemas de uso da terra. Os lipídios, especialmente os de cadeia longa (>;20), podem ser muito importantes nos processos de estabilização e humificação do C em camadas subsuperficiais de Latossolos Húmicos, ressaltando a importância dos compostos lipídicos na composição da matéria orgânica destes solos.