Prorrogação do prazo de submissões – Dossiê "A Questão da Performance como Área no Brasil"

2025-09-15

A Revista Sala Preta, em parceria com a Rede Performance como Área, abre chamada para contribuições ao dossiê "A QUESTÃO DA PERFORMANCE COMO ÁREA NO BRASIL", com submissões até 21 de setembro de 2025, e publicação prevista em fevereiro/2026.

A performance, em suas diferentes manifestações, está cada vez mais presente em pesquisas, discussões, práticas e nos interesses de pesquisadores, discentes e docentes nas Artes da Cena, ao mesmo tempo que paradoxalmente — e talvez em consonância com a sua ontologia — não encontra espaço para se estabelecer como área em nosso país. A complexidade da amplitude de suas práticas e teorias, provenientes dos mais diversos campos dos saberes, evidencia seu potencial de diálogo com diferentes contextos, mas também dificulta suas possibilidades de curricularização e estruturação acadêmica. Nesse sentido, a presença da performance, especialmente, nas universidades brasileiras não ocorre sem críticas e resistências, por vezes motivadas pelas tensões entre suas características tidas frequentemente como subversivas e a rigidez institucional e burocrática destes ambientes, além do desconhecimento de suas especificidades. 

Contribui  para  esta  problemática  o  fato  de  a performance não ser reconhecida  como  área, subárea ou especialidade pelas agências reguladoras da educação nacional, a CAPES e o CNPq. A categorização das áreas do conhecimento influencia diretamente na elaboração e na implementação de políticas públicas para a pesquisa, bem como na distribuição de recursos entre os distintos saberes. Logo, se a performance não está oficialmente representada, aparentemente não existem demandas e interesses específicos desse campo a serem contemplados pelo poder público. 

Fato é que a performance vem  hackeando  os  ambientes  universitários  brasileiros,  atravessando  diferentes  campos  do conhecimento enquanto reconfigura seu sistema institucional, com discentes, docentes e artistas da comunidade que passam a questionar cada vez mais seus cânones, bibliografias e práticas, bem como sua predominância branca, cisgênera, masculina e heterossexual nos cargos de  poder. O potencial de hackeamento desse saber contamina não apenas a universidade, mas também instituições como escolas, museus, secretarias de cultura, órgãos de fomento, entre outros, que se desengessam a partir da ação coletiva. Em  resposta  a  este movimento, que é também político, entusiastas da performance  nas universidades (e fora dela) costumam enfrentar a reação conservadora — backlash — de seus pares: sofrendo perseguições em seus ambientes de trabalho, processos administrativos e outras violências em seu percurso. A institucionalização da performance como área poderia ajudar a consolidar formas de proteção contra o preconceito preexistente com a  mesma  e  com  seus  pesquisadores,  que  precisam  a  todo  tempo  marcar  a  existência  e  a importância do campo em seus espaços de trabalho — muitas vezes tendo que evidenciar o óbvio, ao apontarem a indissociabilidade da performance da área das Artes da Cena.

Em resposta a essa questão, retomando iniciativas anteriores de artistas e pesquisadores para a consolidação da performance no Brasil, em 2022 um grupo de, também, artistas e pesquisadores da performance, vinculados a diferentes universidades brasileiras — todas localizadas fora do eixo hegemônico do sistema acadêmico nacional — organizam o Colóquio Interinstitucional Performance como Área. O evento tinha o objetivo de compartilhar experiências de atuação e, ainda, fomentar  caminhos  para o reconhecimento da performance nas classificações institucionais da ciência nacional. Como desdobramento do encontro, foi criada a Rede Performance como Área, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, reunindo participantes do evento, ouvintes e demais  interessados, como um fórum aberto de discussão. Em 2023, as articulações da rede resultaram na articulação da mesa-redonda Performance  como  Área  no  XII Congresso da ABRACE, realizado na UFPA. Em 2025, a Revista Sala Preta se soma à iniciativa, com a proposição de um dossiê especial dedicado ao tema: A Questão da Performance como Área no Brasil.

Em sua aliança com a Rede Performance como Área, a Revista Sala Preta convida autores a compartilharem suas pesquisas e perspectivas sobre o tema, em artigos, traduções, entrevistas, críticas e resenhas sobre a performance em diálogo com as Artes da Cena, focadamente no contexto brasileiro. Os tópicos a seguir apontam abordagens possíveis para o tema, sem prejuízos de outras formulações:

  • Performance como campo ou área de conhecimento;
  • Estudos da Performance;
  • Pedagogias da performance;
  • Performance na educação básica;
  • Performance na formação superior em Artes Cênicas;
  • Performance como possibilidade de formação superior;
  • Políticas públicas/editais em performance;
  • Artes ao vivo; Live Art;
  • Performances Culturais e suas fronteiras;
  • Corpos dissidentes/divergentes e modos de expressão em performance;
  • Transdisciplinaridade, interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, indisciplinaridade e performance;
  • Performance como saber da existência;
  • Performance e de/colonialidade;
  • Genealogias da performance;
  • Temporalidades da performance;
  • Performance enquanto epistemologia;
  • Performance, censura e lei;
  • Performance e ativismo;
  • Escrituras performativas na pesquisa acadêmica;
  • Performance e filosofia.

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A Revista Sala Preta aceita artigos, entrevistas, críticas, resenhas e traduções que se vinculem conceitualmente às Artes Cênicas em campo expandido. As submissões devem estar de acordo com os padrões do periódico (disponíveis em nosso site) para cada tipo de texto. Apenas materiais originais (não publicados) são considerados, e a avaliação é feita pelo sistema duplo-cego. A Revista é de livre acesso para autores e leitores e não cobra taxas de submissão ou publicação.

Além dos dossiês, a revista publica artigos sem restrição temática, recebidos em fluxo contínuo, que são considerados e avaliados junto de cada ciclo editorial. Os artigos de tema livre recebidos até dia 21 de setembro serão considerados para a publicação junto do N.1 do Vol.26 da revista, fora do dossiê temático. Textos enviados após esse prazo serão considerados apenas no ciclo editorial seguinte.

Maiores informações podem ser encontradas em nosso website, https://www.revistas.usp.br/salapreta, onde nossas diretrizes podem ser visualizadas.