Dançar/escrever/saber: uma perspectiva espiralar da dança da avamunha

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v23i3p67-93

Palavras-chave:

Avamunha, Saberes Corporificados, Valores Civilizatórios Afrodiaspóricos, Espiral

Resumo

Este artigo desenvolve a análise de um dos movimentos da dança da avamunha, o qual faz parte de um extenso repertório de danças dos terreiros de Candomblé e, aqui, refere-se especialmente à nação Ketu. A análise é feita a partir de operações imagéticas como ferramentas de imaginação de mundos e narrativas outras sobre as corporeidades afrodiaspóricas. Desde uma perspectiva espiralar, podemos investigar os valores civilizatórios – ancestralidade, musicalidade e circularidade – que a constituem e sustentam seus códigos estéticos: a relação chão/corpo/gravidade e a flexibilidade do corpo. É no rodopio epistêmico, cinético e sensorial que podemos reconhecer o nosso chão e refletir sobre nossas práticas artísticas e pedagógicas, isto é, o nosso dançar/escrever/saber.

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Biografia do Autor

  • Laís Salgueiro Garcez, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Doutora em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pós-graduada em Preparação corporal para as artes cênicas pela Faculdade Angel Vianna (FAV). Artista-pesquisadora das danças afrodiaspóricas, diretora de movimento, coreógrafa e dançarina. Professora na oficina Danças e Expressões e diretora artística do grupo Maracutaia.

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Publicado

2024-12-26

Edição

Seção

DOSSIÊ PERFORMATIVIDADES NEGRAS

Como Citar

Garcez, L. S. (2024). Dançar/escrever/saber: uma perspectiva espiralar da dança da avamunha. Sala Preta, 23(3), 67-93. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v23i3p67-93