O terreiro eletrônico e a cidade: o olhar do mestre antropófago
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v12i1p209-233Palavras-chave:
Pedagogia do teatro, ação culturalResumo
No mês em que completou setenta e cinco anos de vida, em plena atividade criativa, preparando a segunda temporada do espetáculo “Macumba Antropófoga”, o diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez Correa, nos ofereceu um depoimento que sintetiza sua visão sobre a trajetória artística do Teatro Oficina, grupo reconhecido pela crítica como um dos mais significativos da nossa história. Nos cinquenta e quatro anos de existência do grupo, foram desenvolvidas experimentações intensas de diferentes possibilidades do fazer teatral: a representação realista defendida por Stanislávski (“Pequenos Burgueses”, de Gorki), o estudo da abordagem épico-dialética, (“Andorra”, de Max Frisch, e “Galileu Galilei” de Brecht), até a concretização de uma cena antropofágica, centrada na tradição da comédia musical popular e na apropriação dos modelos estéticos estrangeiros, a partir do confronto com as obras de Oswald de Andrade e com o movimento tropicalista nas artes, que resultou na montagem de “Rei da Vela”, marco da encenação moderna na década de 60. O encontro dos escritos de Artaud com as diversas modalidades da arte da performance foram a base do rompimento com o formato de espetáculo e da relação convencional ente a cena e o público, desenvolvidas pelo diretor no coro de “Roda Viva” e radicalizadas em “Gracias Señor”, que gerou polêmicas nos anos 70. Após o exílio em Portugal e Moçambique, destacam-se as ações rituais e os happenings feitos nos anos 80, tais como, “Ensaio para o Carnaval do Povo”. Em 1993, com a inauguração do novo espaço do “terreiro eletrônico”, a retomada do enfrentamento dos textos clássicos foi marcada pelas montagens de “Ham-let” e “Bacantes”. Ao longo dos anos 2000, Zé Celso vem desenvolvendo, uma abordagem própria de dramaturgia cênica, que mescla música, recitação poética, dança, performance, teatro épico, jogo popular, festa e carnaval que ele denomina “tragédiacomediorgya”, revelada em espetáculos como “Os Sertões” e “Os Bandidos”. Nesta primeira parte da entrevista, Zé Celso comenta esse percurso histórico, fala de sua relação com a cidade de São Paulo e reafirma com entusiasmo o projeto do Teatro de Estádio, que sonha construir no bairro do Bixiga.Downloads
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