Prefiro mexer no coração a mexer na boca”: reflexões sobre o cuidado em saúde bucal
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0104-12902022210709ptPalabras clave:
Bucalidade, Afeto, Saúde bucalResumen
Este artigo tem como objetivo compartilhar as reflexões sobre o cuidado em saúde bucal produzidas a partir da relação dialética entre a prática profissional e as pesquisas teóricas. Propomos a problematização da concepção de cuidado difundida pelo discurso biomédico, que o remete a uma certa tecnicidade voltada à cura. Apostamos no cuidado em sua dimensão ontológica, como característica intrínseca ao ser humano, a partir da qual os sujeitos se constituem e se realizam no mundo. Para tanto, utilizamos o conceito da bucalidade para localizar a boca humana enquanto território que está inserido no processo de produção e reprodução social, sendo completamente penetrado pela cultura e pelo psiquismo. Apresentamos, portanto, a boca que é socialmente produzida, um território-corpo dotado de subjetividade e que é atravessado por uma multiplicidade de experiências ao longo da vida. Por esse motivo, a ideia odontologizada de cuidado não dá conta de apreender o cuidado em saúde bucal em sua complexidade, tornando-se necessária a renúncia ao a priori odontológico, compreendendo que é na boca em que se materializam as realidades e experiências histórico-sociais dos sujeitos, abrindo-se espaço para o cuidado enquanto encontro intersubjetivo atravessado por afecções, com enorme potencial transformador.
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