Multiplicidade e instabilidade ontológica nos corações não-humanos
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0104-12902022220045ptPalabras clave:
Constituição corporal, Biotecnologia, Transplante de coração, Insuficiência cardíaca, Coração artificialResumen
O artigo reflete sobre as relações entre corpos biológicos e artefatos tecnológicos, a partir da pesquisa etnográfica sobre o desenvolvimento de tecnologias de assistência circulatória, conhecidas como corações artificiais. Para compreender as corporeidades que tais dispositivos mecânicos ajudam a produzir, buscamos aqui caracterizar dois tipos de corpos instituídos a partir de práticas médicas e biotecnologias projetadas para pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Os corpos imunológicos, produzidos a partir dos transplantes de coração, serão contrastados aos corpos biônicos, compostos pelo arranjo com corações artificiais. Propomos que é preciso considerar que cada uma dessas tecnologias se coproduz com distintas naturezas, sustentadas em materialidades, práticas, moralidades e pressupostos específicos. A atenção dada às práticas e à materialidade permitirá destacar os diversos entrelaçamentos materiais-semióticos. Resgatar a trajetória de desenvolvimento desse campo nos permitirá explorar o imaginário a partir do qual tais intervenções emergem, assim como as transformações ocorridas, ressaltando o vínculo ao corpo-máquina tecido no âmbito biomédico.