“Pra mim, foi assim: homossexual, travesti e, hoje em dia, trans”: performatividade trans, família e cuidado em saúde
DOI :
https://doi.org/10.1590/S0104-12902020190732Mots-clés :
Saúde Pública, Pessoas Transgênero, Travestilidade, Família, Atenção Integral à SaúdeRésumé
A transexualidade é uma experiência identitária que emerge como resposta inevitável a uma forma de organizar a vida social e, consequentemente, o cuidado em saúde com base na produção de sujeitos. Objetivamos compreender como um contexto identitário trans mobiliza, na articulação com família e serviço de saúde, performances identitárias. Realizamos uma etnografia com entrevista semiestruturada e observação participante em um ambulatório especializado no cuidado trans-específico no Sistema Único de Saúde (SUS), entre dezembro de 2017 e julho de 2018. Durante o estudo, destacou-se a história de Marilda, por seu caráter emblemático ao narrar a transição de “homem homossexual” para “travesti” e, atualmente, para “mulher trans”, em uma performance identitária que almeja o reconhecimento e o pertencimento familiar, bem como o acesso à saúde, à educação e a uma profissão distante da prostituição. Sua história permite compreender que as pessoas trans constroem significados diversos para suas vivências identitárias, com elementos que podem reiterar o binarismo e a heteronormatividade. Torna-se importante reconhecer, no âmbito da família e da saúde, que diferentes performances identitárias são possíveis e que seus sentidos poderão compor o cuidado integral em saúde de cada pessoa trans.
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