Envelhecimento ativo e a indústria da perfeição

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0104-12902020190967

Palavras-chave:

Envelhecimento Ativo, Medicina Antienvelhecimento, Aprimoramento

Resumo

Nas últimas duas décadas, o envelhecimento ativo adquiriu expressão relevante enquanto paradigma de políticas públicas para fazer face aos desafios colocados pelo envelhecimento demográfico. Definido, primeiramente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de forma a enfatizar a responsabilidade da sociedade no seu conjunto relativamente à qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento, o paradigma do envelhecimento ativo, atualmente, tem vindo a concentrar-se, sobretudo, no adiamento da idade da reforma e na redução dos custos com a saúde nos últimos anos de vida, a partir de uma lógica de responsabilização individual. Para a elaboração deste artigo, foram consultados vários sítios on-line de clínicas médicas portuguesas nas quais se praticam consultas/tratamentos de medicina antienvelhecimento, analisando os anúncios publicitários dos serviços prestados, bem como artigos de opinião redigidos pelos próprios médicos dessa especialidade, dirigidos a um público leigo. Conclui-se que, a par da responsabilização individual pela saúde e, de forma mais geral, pela forma como se envelhece, assistimos hoje à expansão de um amplo mercado de produtos e serviços antienvelhecimento que nos permitem argumentar que o ideal de envelhecimento ativo poderá estar ao serviço de uma indústria da perfeição.

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Publicado

2020-09-07

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

António, M. (2020). Envelhecimento ativo e a indústria da perfeição. Saúde E Sociedade, 29(1), e190967. https://doi.org/10.1590/S0104-12902020190967