Relação terapêutica no processo de trabalho de enfermeiros de Centros de Atenção Psicossocial

Resumo

Objetivo: conhecer como os enfermeiros percebem a relação terapêutica em seu processo de trabalho nos Centros de Atenção Psicossocial. Metodologia: estudo qualitativo, descritivo e exploratório, embasado na abordagem do materialismo histórico-dialético. Coleta de dados realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, a partir da análise do conteúdo em conjunto com a análise temática, e discutidas pela dialética entre trabalho morto e trabalho vivo em ato. Resultados: participaram dez enfermeiros. A relação terapêutica emergiu da tensão dialética entre o trabalho morto, considerado como trabalho pregresso e alienado, e trabalho vivo em ato, sendo este o lugar da relação terapêutica. Conclusão: o trabalho morto foi evidenciado pela reprodução do modelo de atenção em que o trabalho burocrático é assumido pelo enfermeiro e deslegitima o protagonismo do paciente. O trabalho vivo em ato foi identificado pelo estabelecimento da relação terapêutica, desenvolvida no convívio, nas trocas de confiança, por meio das oficinas, no papel de referência e pela relação como experiência marcante da trajetória profissional. A tensão dialética torna-se um processo rico em consumo de tecnologias leves, o que contribui para que o enfermeiro reconheça seu protagonismo no novo modelo de atenção à saúde mental, em que a práxis se torne um caminho possível no contexto de sua atuação.