O bom filho a casa torna: Gobineau refugiado na hierarquia familiar
DOI :
https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100012Mots-clés :
Hierarquia, Igualdade, Honra, Século XIXRésumé
Extensa bibliografia confere a Arthur de Gobineau lugar central no desenvolvimento da filosofia racialista. Ele teria conquistado tal posição em função da repercussão do Essai sur l'inégalité des races humaines (1853-1855). Constatamos, porém, que se trata de obra muito comentada, mas pouco estudada. Uma investigação sobre suas bases revela-nos que ele não chega a elaborar um conceito de raça que se separe do de linhagem. Seu esforço para a construção de uma noção de "raça-espécie" esbarra em sua incapacidade de se libertar da "raça-linhagem". A hipótese ganha consistência quando analisamos o tratado sobre as raças em diálogo com suas obras posteriores. Em Les plêiades, publicada em 1872, ele problematiza sua perspectiva racial por meio da tentativa de construção de uma hierarquia individual. Contudo, tanto o viés racial quanto o individual soçobram no seu pessimismo fatalista. Em sua última obra, Histoire de Ottar Jarl, publicada em 1879, ele procura combinar essas hierarquias - racial e individual. O livro é uma fantasia genealógica na qual ele se põe em linha direta de descendência com o deus Odin. Entregando-se à resignação, ele sintetiza na ficção de sua suposta ascendência a derradeira tentativa de fundar uma distinção no mundo moderno: a hierarquia familiar.
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