Fazer corpo como tomar a Bastilha
Leituras de Michel de Certeau para uma Antropologia do gesto político
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2018.148931Palavras-chave:
Michel de Certeau, práticas, corpo, movimentos sociais, protestoResumo
Este artigo retira da obra de Michel de Certeau indicações a respeito do lugar do corpo na ação política e nos processos de transformação social, colocando em foco a persistência nos escritos do autor de referências à corporalidade como dimensão fundamental da experiência mística, das operações de produção de conhecimento, da política das ruas de maio de 1968 e da inventividade da vida cotidiana. Destacamos assim a centralidade dessa dimensão na conceituação das práticas na perspectiva do autor e no uso que faz da função poética da linguagem como chave de reflexão sobre a ação social. Apontando a atualidade e possíveis usos contemporâneos dessas proposições, refletimos sobre algumas práticas de protesto dos estudantes secundaristas paulistas no ano de 2015, observando como tiram partido da mobilidade sempre irredutível das estruturas de saber e poder, fazendo uso, em ações disruptivas, de práticas corporais cotidianas supostamente normalizadas pela disciplina escolar.
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