O Estranhamento Familiar: O Lugar da Narração em Eclipse e The Sea, de John Banville, e em Solar Bones, de Mike McCormack

Autores

  • Adel Cheong Dublin City University

DOI:

https://doi.org/10.37389/abei.v22i1.3848

Palavras-chave:

memória, identidade, casa, desfamiliarização, locais de narração

Resumo

O tropo do retorno ao lar da infância, na meia-idade, após algum tipo de tragédia é central para a trama e para o ato de narrar em Eclipse (2000) e The Sea (2005), de John Banville. Revisitar o passado não é apenas um elemento temático, mas também uma estratégia narrativa por meio da qual Banville lança um olhar indireto para o mundo como ele o descreve. A realidade nunca é, portanto, o que parece diante de seus olhos, pois está mergulhada em ecos do passado, mais especificamente do que lembramos ou imaginamos ser o passado. A volta para casa também é central para Solar Bones (2016), de Mike McCormack, em que Marcus Conway, o narrador-fantasma, vê-se novamente sentado à mesa da cozinha, onde relembra o passado. O que une esses romances é o ato de narrar, ou o ato de escrever, realizado nesses espaços e lugares da infância que são fundamentais para a maneira pela qual esses protagonistas entendem e confrontam seu senso de identidade, embora essa noção de retorno seja não só percebida com resistência, como também mal compreendida em sua totalidade. Ampliando a ideia do que a casa poderia simbolizar no contexto dos objetivos artísticos de Banville, examino a relação entre passado e presente, o ato de escrever para um público imaginado na casa de infância e como as dimensões espaciais da casa se relacionam ou revelam a estética desses romances. Mike McCormack, cuja escrita tem recebido crescente atenção crítica, é um autor irlandês que faz um contraponto interessante a Banville, na medida em que preocupações semelhantes sobre identidade e memória são refletidas no espaço da casa, mas de maneiras marcadamente diferentes. Este ensaio, portanto, demonstrará certas semelhanças entre esses três romances, enquanto distingue como cada um se envolve com representações de espaço e lugar, particularmente no contexto da identidade e da ideia de lar.

Biografia do Autor

  • Adel Cheong, Dublin City University
    Adel Cheong is a PhD student at Dublin City University and her interests are in the novel form, narrative theory, and aesthetics. Her PhD project is centered around the negotiation with realist narrative techniques in twenty-first century experimental fiction by authors like John Banville, Mike McCormack and Ali Smith. She received her Master of Arts from Nanyang Technological University in Singapore.

Referências

Bachelard, Gaston. The Poetics of Space. Translated by Maria Jolas, Beacon Press, 1994.

Banville, John. Eclipse. Picador, 2000.

---. The Sea. Vintage Books, 2006.

---. “The Evidential Artist: A Conversation with John Banville.” By Aurora Piñeiro. Nordic Irish Studies, Vol. 14 (2015), pp. 55-69. Accessed 15 November 2019.

D’Hoker, Elke, Visions of Alterity. Rodopi, 2004.

---. “Self-Consciousness, Solipsism, and Storytelling: John Banville's Debt to Samuel Beckett.” Irish University Review, Vol. 36, No. 1, Special Issue: John Banville (Spring - Summer, 2006), pp. 68-80. Accessed 15 November 2019.

Gordon, Avery F.. Ghostly Matters: Haunting and the Sociological Imagination. University of Minnesota Press, 2008.

Hand, Derek. John Banville: Exploring Fictions. The Liffey Press. 2002.

McCormack, Mike. Solar Bones. Canongate, 2017.

---. “‘…a tiny part of that greater circum-terrestrial grid’: A Conversation with Mike McCormack.” By Treasa De Loughry. Irish University Review: A Journal of Irish Studies Food, Energy, Climate: Irish Culture and World-Ecology. Special Issue Spring/Summer 2019. Edinburgh University Press. pp. 105-116.

McMinn, Joseph. John Banville: A Critical Study. Gill and Macmillan, 1991.

---. The Supreme Fictions of John Banville. Manchester University Press, 1999.

Murphy, Neil. “From ‘Long Lankin’ to ‘Birchwood’: The Genesis of John Banville’s Architectural Space.” Irish University Review, Vol. 36, No. 1, Special Issue: John Banville (Spring – Summer 2006). Accessed 3 November 2014.

---. John Banville. Bucknell University Press, 2018.

Powell, Kersti Tarien. “The Lighted Windows: Place in John Banville’s Novels.” Irish University Review, Vol. 36, No. 1, Special Issue: John Banville (Spring – Summer, 2006). pp. 39-51. Accessed 15 November 2019.

Richardson, Brian. Unnatural Voices: Extreme Narration in Modern and Contemporary Fiction. The Ohio State University Press, 2006.

Ryan, Marie-Laure. “Impossible worlds.” The Routledge Companion to Experimental Literature, edited by Joe Bray, Alison Gibbons and Brian McHale, Routledge, 2012.

Smith, Eoghan. John Banville: Art and Authenticity. Peter Lang, 2013.

Wilkinson, Robin. “Echo and Coincidence in John Banville's Eclipse”. Irish University Review, Vol. 33, No. 2 (Autumn - Winter, 2003), pp. 356-370. Accessed 15 November 2019.

Wylie, Donovan, and Martin Secker & Warburg, ‘Wexford’, 32 Counties – Photographs of Ireland. London, 1989, p. 200.

“Oblique Dreamer: Interview with John Banville.” The Observer (17 September 2000), https://www.theguardian.com/books/2000/sep/17/fiction.johnbanville. Accessed December 3, 2019.

Downloads

Publicado

2021-02-20

Como Citar

Cheong, A. (2021). O Estranhamento Familiar: O Lugar da Narração em Eclipse e The Sea, de John Banville, e em Solar Bones, de Mike McCormack. ABEI Journal, 22(1), 61-73. https://doi.org/10.37389/abei.v22i1.3848