A linguagem da cartografia na obra de Anne Enright

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o romance Actress (2020) de Anne Enright a partir de uma dupla noção de mapeamento literário: primeiro, o papel da autora como cartógrafa, quando adota e adapta as convenções do Bildungsroman para traçar o contorno de uma vida e quando o léxico escolhido para esta tarefa está imbuído da linguagem da paisagem, criando um imaginário que pode articular um território literário próprio ou uma geografia de afetos. Em segundo lugar, quando o leitor ou crítico extrai um mapa de várias obras literárias do mesmo escritor, e essa representação possibilita uma leitura adicional do texto ou conjunto de textos. Embora o romance Actress continue sendo o eixo da presente análise, para um mapeamento mais amplo da geografia dos afetos de Enright e, em particular, de sua representação da maternidade, serão necessárias referências a seus escritos de não ficção e contos. Em particular, sua palestra “Maeve Brennan: Going Mad in New York” (2019) e fragmentos de sua coleção de ensaios Making Babies (2004) serão incorporados. Quando se trata do conto, “Night Swim” (2020) será a história em foco. Todos esses textos estão relacionados tematicamente e a maioria está cronologicamente próxima. Mais significativamente, são narrativas que incorporam o imaginário cartográfico como traço definidor quando se trata da exploração da maternidade, que é vista de uma perspectiva antiessencialista e com diferentes graus de conciliação.