História e experiência do Bloomsday em Lisboa 2012-2022
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2595-8127.v25i1p69-98Palavras-chave:
Ulisses, Bloomsday, LisboaResumo
Este texto é um relato do “Bloomsday” (uma celebração do dia em que se passa o Ulisses, de James Joyce) em Lisboa, nos anos 2012-2022, a partir da perspetiva do realizador do evento. Sempre procurei entrelaçar Irlanda, Portugal e Brasil no encontro de Joyce conosco e com os nossos sons na linguagem e na música, com as nossas diversas localizações, e com as diferentes traduções de Ulisses. A minha visão sempre foi combinar entretenimento e uma alegria subversiva através da música, leituras performativas e comentários sobre Ulisses, juntamente com um mergulho profundo no panorama filosófico e nas profundas possibilidades de experimentação da linguagem através de personagens do cotidiano e da experiência da vida e da morte numa história simples que engloba o “caosmos” de Joyce. De forma crucial, é lendo e ouvindo o texto em voz alta que se entra na literatura como realidade e como experiência vívida. Este texto inclui também duas críticas fascinantes de Ulisses, que serviram de inspiração para o Bloomsday de 2022: uma de 1922, de Shane Leslie (filho de um proprietário protestante anglo-irlandês, que se converteu ao catolicismo), no qual o livro como “bolchevismo literário”; e o outro de 1935, de Karl Radek (um líder bolchevique da Revolução Russa de 1917), que lhe chamou “um monte de esterco, infestado de vermes”. Na sua crítica negativa a partir de extremos opostos do espectro político, eles ainda assim capturam o espírito revolucionário e o “épico do corpo humano” do livro com o qual ainda estamos a aprender a alcançar e a florescer.
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