Orientação de higiene bucal e experiência de cárie em pacientes com paralisia cerebral em uso de medicamentos
DOI:
https://doi.org/10.5935/0104-7795.20140033Palavras-chave:
Paralisia Cerebral, Higiene Bucal, Cárie Dentária, Administração OralResumo
A presença de prejuízos associados à paralisia cerebral (PC) requer muitas vezes o uso de medicamentos de uso contínuo e por longos períodos de tempo. Dentre os efeitos colaterais adversos destes medicamentos destacam-se a diminuição do fluxo salivar e aumento do risco para doença cárie. Objetivo: Verificar se os responsáveis pelos pacientes com PC receberam orientações quanto à realização da higiene bucal após a administração dos medicamentos de uso contínuo via oral e a experiência de cárie nos pacientes com PC. Método: Participaram deste estudo transversal, 205 crianças com diagnóstico médico de PC, de ambos os gêneros, com idades entre 0 a 12 anos (6,6 ± 2,9) que frequentavam um programa de prevenção em Odontologia numa instituição de referência em reabilitação em São Paulo-SP. Os dados relativos ao gênero, desordem do movimento e padrão clínico da PC foram coletados dos prontuários. Sob a forma de entrevista, os responsáveis relatavam se a criança fazia uso ou não de algum medicamento de uso contínuo, e, em caso afirmativo, qual a forma de apresentação dos mesmos; se os responsáveis haviam recebido orientação prévia sobre a importância da realização higiene bucal após a utilização dos medicamentos, quem realizava a higiene bucal da criança, e com que frequência esta era realizada. A experiência de cárie foi registrada segundo o índice de dentes cariados (C, c) perdidos (P, e) ou obturados (O, o) por dente (D, d) (CPOD). Foram constituídos dois grupos segundo o uso (grupo 1: G1) ou não (grupo 2: G2) de medicamentos sob a forma contínua. Foram usados os testes do Qui-quadrado e teste t de Student. Fixou-se o nível de significância em 5%. Resultados: Os grupos G1 (n = 110) e o G2 (n = 95) eram homogêneos quanto ao gênero (p = 0,343) e a idade (p = 0,514). Entretanto diferiram significantemente em relação ao padrão clínico, apresentando G1 porcentagens significantemente maiores de pacientes com tetraparesia (p < 0,001). Analisando apenas o G1, observou-se que os subgrupos em uso de medicamentos sob a forma solução oral (solução; n = 65) ou em uso de comprimidos (comprimido; n = 45) diferiram significantemente quanto à orientação prévia para a realização da higiene bucal (p = 0,013), apresentando o grupo solução maior porcentagem dos responsáveis orientados. Com relação à realização da higiene oral, o subgrupo solução apresentou porcentagens significantemente maiores (p = 0,044) de crianças que requeriam supervisão e realização da higiene bucal dos responsáveis quando comparado ao grupo comprimido. A comparação da experiência de cárie entre os grupos G1 e G2 mostrou que o G1 apresentou valores significantemente maiores para o valor do índice CPOD (p = 0,048), e menor número de pacientes livres de cárie (p = 0,016) quando comparado a G2. Conclusão: Embora os responsáveis pelos pacientes que recebiam medicamento sob a forma de solução oral sob a forma contínua fossem os mais orientados quanto à realização da higiene bucal após a administração dos medicamentos, estes pacientes apresentavam maior experiência de cárie.
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