Orientação de higiene bucal e experiência de cárie em pacientes com paralisia cerebral em uso de medicamentos

Autores

  • Taciana Mara Couto Silva Associação de Assistência a Criança Deficiente
  • Mariana Lopes Associação de Assistência a Criança Deficiente
  • Ana Paula Yumi Ikeda Associação de Assistência a Criança Deficiente
  • Marcelo Furia Cesar Associação de Assistência a Criança Deficiente
  • Maria Teresa Botti Rodrigues Santos Associação de Assistência a Criança Deficiente

DOI:

https://doi.org/10.5935/0104-7795.20140033

Palavras-chave:

Paralisia Cerebral, Higiene Bucal, Cárie Dentária, Administração Oral

Resumo

A presença de prejuízos associados à paralisia cerebral (PC) requer muitas vezes o uso de medicamentos de uso contínuo e por longos períodos de tempo. Dentre os efeitos colaterais adversos destes medicamentos destacam-se a diminuição do fluxo salivar e aumento do risco para doença cárie. Objetivo: Verificar se os responsáveis pelos pacientes com PC receberam orientações quanto à realização da higiene bucal após a administração dos medicamentos de uso contínuo via oral e a experiência de cárie nos pacientes com PC. Método: Participaram deste estudo transversal, 205 crianças com diagnóstico médico de PC, de ambos os gêneros, com idades entre 0 a 12 anos (6,6 ± 2,9) que frequentavam um programa de prevenção em Odontologia numa instituição de referência em reabilitação em São Paulo-SP. Os dados relativos ao gênero, desordem do movimento e padrão clínico da PC foram coletados dos prontuários. Sob a forma de entrevista, os responsáveis relatavam se a criança fazia uso ou não de algum medicamento de uso contínuo, e, em caso afirmativo, qual a forma de apresentação dos mesmos; se os responsáveis haviam recebido orientação prévia sobre a importância da realização higiene bucal após a utilização dos medicamentos, quem realizava a higiene bucal da criança, e com que frequência esta era realizada. A experiência de cárie foi registrada segundo o índice de dentes cariados (C, c) perdidos (P, e) ou obturados (O, o) por dente (D, d) (CPOD). Foram constituídos dois grupos segundo o uso (grupo 1: G1) ou não (grupo 2: G2) de medicamentos sob a forma contínua. Foram usados os testes do Qui-quadrado e teste t de Student. Fixou-se o nível de significância em 5%. Resultados: Os grupos G1 (n = 110) e o G2 (n = 95) eram homogêneos quanto ao gênero (p = 0,343) e a idade (p = 0,514). Entretanto diferiram significantemente em relação ao padrão clínico, apresentando G1 porcentagens significantemente maiores de pacientes com tetraparesia (p < 0,001). Analisando apenas o G1, observou-se que os subgrupos em uso de medicamentos sob a forma solução oral (solução; n = 65) ou em uso de comprimidos (comprimido; n = 45) diferiram significantemente quanto à orientação prévia para a realização da higiene bucal (p = 0,013), apresentando o grupo solução maior porcentagem dos responsáveis orientados. Com relação à realização da higiene oral, o subgrupo solução apresentou porcentagens significantemente maiores (p = 0,044) de crianças que requeriam supervisão e realização da higiene bucal dos responsáveis quando comparado ao grupo comprimido. A comparação da experiência de cárie entre os grupos G1 e G2 mostrou que o G1 apresentou valores significantemente maiores para o valor do índice CPOD (p = 0,048), e menor número de pacientes livres de cárie (p = 0,016) quando comparado a G2. Conclusão: Embora os responsáveis pelos pacientes que recebiam medicamento sob a forma de solução oral sob a forma contínua fossem os mais orientados quanto à realização da higiene bucal após a administração dos medicamentos, estes pacientes apresentavam maior experiência de cárie.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Rosenbaum P, Paneth N, Leviton A, Goldstein M, Bax M, Damiano D, et al. A report: the definition and classification of cerebral palsy April 2006. Dev Med Child Neurol Suppl. 2007;109:8-14.

Kuban KC, Leviton A. Cerebral palsy. N Engl J Med. 1994;330(3):188-95. DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJM199401203300308

Bax MC, Flodmark O, Tydeman C. Definition and classification of cerebral palsy. From syndrome toward disease. Dev Med Child Neurol Suppl. 2007;109:39-41. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1469-8749.2007.tb12627.x

Siqueira WL, Santos MT, Elangovan S, Simoes A, Nicolau J. The influence of valproic acid on salivary pH in children with cerebral palsy. Spec Care Dentist. 2007;27(2):64-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1754-4505.2007.tb00330.x

Grzić R, Bakarcić D, Prpić I, Jokić NI, Sasso A, Kovac Z, et al. Dental health and dental care in children with cerebral palsy. Coll Antropol. 2011;35(3):761-4.

Neves BG, Pierro VS, Maia LC. Perceptions and attitudes among parents and guardians on the use of pediatric medicines and their cariogenic and erosive potential. Cien Saude Colet. 2007;12(5):1295-300. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232007000500027

World Health Organization. Oral health surveys: basic methods. 4th ed. Geneva: WHO; 1997.

McManus V, Guillem P, Surman G, Cans C. SCPE work, standardization and definition-an overview of the activities of SCPE: a collaboration of European CP registers. Zhongguo Dang Dai Er Ke Za Zhi. 2006;8(4):261-5.

Johnston MV, Hagberg H. Sex and the pathogenesis of cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 2007;49(1):74-8.

Santos MT, Biancardi M, Guare RO, Jardim JR. Caries prevalence in patients with cerebral palsy and the burden of caring for them. Spec Care Dentist. 2010;30(5):206-10. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1754-4505.2010.00151.x

Fejerskov O. Changing paradigms in concepts on dental caries: consequences for oral health care. Caries Res. 2004;38(3):182-91. DOI: http://dx.doi.org/10.1159/000077753

Roberto LL, Machado MG, Resende VL, Castilho LS, Abreu MH. Factors associated with dental caries in the primary dentition of children with cerebral palsy. Braz Oral Res. 2012;26(5):471-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-83242012005000018

Rao D, Amitha H, Munshi AK. Oral hygiene status of disabled children and adolescents attending special schools of South Canara, India. Hong Kong Dent J. 2005;2(2):107-13.

Altun C, Guven G, Akgun OM, Akkurt MD, Basak F, Akbulut E. Oral health status of disabled individuals attending special schools. Eur J Dent. 2010;4(4):361-6.

Santos MT, Nogueira ML. Infantile reflexes and their effects on dental caries and oral hygiene in cerebral palsy individuals. J Oral Rehabil. 2005;32(12):880-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2842.2005.01518.x

Camargo MAF, Antunes JLF. Untreated dental caries in children with cerebral palsy in the Brazilian context. Int J Paediatr Dent. 2008;18(2):131-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-263X.2007.00829.x

Marquis J, Schneider MP, Payot V, Cordonier AC, Bugnon O, Hersberger KE, et al. Swallowing difficulties with oral drugs among polypharmacy patients attending community pharmacies. Int J Clin Pharm. 2013;35(6):1130-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s11096-013-9836-2

Santos MT, Batista R, Previtali E, Ortega A, Nascimento O, Jardim J. Oralmotor performance in spastic cerebral palsy individuals: are hydration and nutritional status associated? J Oral Pathol Med. 2012;41(2):153-7.

Santos MT, Guare RO, Celiberti P, Siqueira WL. Caries experience in individuals with cerebral palsy in relation to oromotor dysfunction and dietary consistency. Spec Care Dentist. 2009;29(5):198-203. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1754-4505.2009.00092.x

Marquezan M, Marquezan M, Pozzobon RT, Oliveira MDM. Medicamentos utilizados por pacientes odontopediátricos e seu potencial cariogênico. RPG Rev Pos-Grad. 2006;13(4):334-9.

Publicado

2014-12-09

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Silva TMC, Lopes M, Ikeda APY, Cesar MF, Santos MTBR. Orientação de higiene bucal e experiência de cárie em pacientes com paralisia cerebral em uso de medicamentos. Acta Fisiátr. [Internet]. 9º de dezembro de 2014 [citado 24º de novembro de 2024];21(4):167-70. Disponível em: https://revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103865