Padrões neurofisiológicos da resposta tardia ao tratamento clínico e cirúrgico da neuropatia ulnar na hanseníase

Autores

  • Marianna Cossi Monseff Borela Instituto Lauro de Souza Lima – ILSL
  • Milton Cury Filho Instituto Lauro de Souza Lima – ILSL
  • Daniel Rocco Kirchner Instituto Lauro de Souza Lima – ILSL
  • Manuel Henrique Salgado Universidade Estadual Paulista – UNESP
  • Marcos da Cunha Lopes Virmond Universidade Nove de Julho – UNINOVE https://orcid.org/0000-0002-1395-639X
  • José Antonio Garbino Instituto Lauro de Souza Lima – ILSL https://orcid.org/0000-0002-4042-5797

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v27i3a166868

Palavras-chave:

Neuropatias Ulnares, Hanseníase, Condução Nervosa

Resumo

A neuropatia de hanseníase pode desenvolver quadros inflamatórios subagudos e crônicos denominados  reações,  os quais podem evoluir para compressões nos túneis anatômicos. Objetivo: Descrever os achados de condução nervosa (CN) tardios em pacientes com neuropatia ulnar no cotovelo submetidos aos tratamentos clínico e cirúrgico. Método: Vinte e sete nervos de 21 pacientes foram selecionados em uma coorte retrospectiva não-concorrente por um a três anos, sendo formados dois grupos. Após o tratamento clínico sem sinais inequívocos de melhora os nervos foram randomizados para manter o tratamento clinico (Grupo A1) ou adicionar a descompressão do nervo (Grupo A2). Resultados: Os autores observaram melhora significativa nas seguintes variáveis no Grupo A2, tratado com a adição da descompressão cirúrgica, amplitude do potencial de ação motor composto  (PAMC) no cotovelo e acima do cotovelo e velocidade de condução (VC) ao longo do antebraço. Conclusão:  O ganho em amplitudes dos PAMCs no cotovelo e acima do cotovelo e da velocidade de condução (VC) ao longo do antebraço são a expressão do efeito tardio da descompressão do nervo ulnar. A persistência de dispersão temporal (DT) através do cotovelo foi relacionada a nova reação ou solução cirúrgica incompleta. Entretanto, a persistência de redução moderada da VC através do cotovelo sem a DT foi discutida e considerada como remielinização parcial esperada. A graduação previa da lesão do nervo baseada na amplitude dos PAMCs apresentou relação direta aos resultados menos favoráveis.

Downloads

Referências

Garbino JA, Marques Jr W . A neuropatia da hanseníase. In: Alves ED, Ferreira TL, Ferreira IN (Org.). Hanseníase: avanços e desafios. Brasília: Editora UnB; 2014. p. 215-29.

Garbino JA, Virmond MCL, Ura S, Salgado MH, Naafs B. A randomized clinical trial of oral steroids for ulnar neuropathy in type1 and type 2 leprosy reactions. Arq. Neuropsiquiatr. 2008;66(4):861-7. Doi: https://doi.org/10.1590/S0004-282X2008000600016

Garbino JA, Heise CO, Marques Jr W. Assessing nerves in leprosy. Clin Dermatol. 2016;34(1):51-8. Doi: https://doi.org/10.1016/j.clindermatol.2015.10.018

Preston DC, Shapiro BE. Basic nerve conduction studies. In: Preston DC, Shapiro BE. Electromyography and neuromuscular disorders: clinical-electrophysiologic-ultrasound correlations. 4th ed. Philadelphia: Elsevier; 2020. p. 23-40.

Tankisi H, Pugdahl K, Fuglsang-Frederiksen A, Johnsen B, Carvalho M, Fawcett PR, et al. Pathophysiology inferred from electrodiagnostic nerve tests and classification of polyneuropathies. Suggested guidelines. Clin Neurophysiol. 2005;116(7):1571-80. Doi: https://doi.org/10.1016/j.clinph.2005.04.003

Garbino JA, Naafs B, Ura S, Salgado MH, Virmond M. Neurophysiological patterns of ulnar nerve neuropathy in leprosy reactions. Lepr Rev. 2010;81(3):206-15.

Uchida Y, Sugioka Y. Electrodiagnosis of Martin-Gruber connection and its clinical importance in peripheral nerve surgery. J Hand Surg Am. 1992;17(1):54-9. Doi: https://doi.org/10.1016/0363-5023(92)90113-4

Almeida JA, Vitti M, Garbino JA. Estudo anatômico da anastomose de Martin-Gruber. Hansen Int. 1999;24(1):15-20.

Kimura J. Fatos e falácias nos estudos de neurocondução. In: Kimura J. Eletrodiagnóstico em doenças de nervos e músculos: princípios e aspectos práticos. 4 ed. Rio de Janeiro: DiLivros; 2015. p. 211-41.

Duerksen F. Tratamento cirúrgico da neurite hansênica. In: Duerksen F, Virmond M. Cirurgia reparadora e reabilitação em hanseníase. Bauru: Instituto Lauro de Souza Lima; 1997. p. 107-18.

Srinivasan H, Palande DD. Essential surgery in Leprosy – techniques for district hospitals. Geneve: WHO; 1997.

Huang JH, Samadani U, Zager EL. Ulnar nerve entrapment neuropathy at the elbow: simple decompression. Neurosurgery. 2004;55(5):1150-3. Doi: https://doi.org/10.1227/01.neu.0000140841.28007.f2

Barreto J A, Carvalho CV, Cury Filho M, Garbino JA, Nogueira MES, Soares CT. Hanseníase multibacilar com baciloscopia dos esfregaços negativa: a importância de se avaliar todos os critérios antes de defi nir a forma clínica. Hansen Int. 2007;32(1): 75-9.

Dellon AL. Multiple Crush Concept Applied to Multiple Nerves in Leprous Neuropathy. Clin Podiatr Med Surg. 2016;33(2):203-17. Doi: https://doi.org/10.1016/j.cpm.2015.12.009

Andrade PR, Jardim MR, Silva AC, Manhaes PS, Antunes SL, Vital R, et al. Inflammatory Cytokines Are Involved in Focal Demyelination in Leprosy Neuritis. J Neuropathol Exp Neurol. 2016;75(3):272-83. Doi: https://doi.org/10.1093/jnen/nlv027

Mietto BS, Andrade PR, Jardim MR, Antunes SL, Sarno EN. Demyelination in Peripheral Nerves: Much to Learn from Leprosy Neuropathy. J Mult Scler. 2016;3(2):174. Doi: https://doi.org/10.4172/2376-0389.1000174

Jessen KR, Mirsky R. The repair Schwann cell and its function in regenerating nerves. J Physiol. 2016;594(13):3521-31. Doi: https://doi.org/10.1113/JP270874

Burns PB, Kim HM, Gaston RG, Haase SC, Hammert WC, Lawton JN, et al. Predictors of functional outcomes after simple decompression for ulnar neuropathy at the elbow: a multicenter study by the SUN study group. Arch Phys Med Rehabil. 2014;95(4):680-5. Doi: https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.10.028

Antunes SL, Chimelli L, Jardim MR, Vital RT, Nery JA, Corte-Real S, et al. Histopathological examination of nerve samples from pure neural leprosy patients: obtaining maximum information to improve diagnostic efficiency. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2012;107(2):246-53. Doi: https://doi.org/10.1590/s0074-02762012000200015

Downloads

Publicado

2020-09-30

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Borela MCM, Cury Filho M, Kirchner DR, Salgado MH, Virmond M da CL, Garbino JA. Padrões neurofisiológicos da resposta tardia ao tratamento clínico e cirúrgico da neuropatia ulnar na hanseníase. Acta Fisiátr. [Internet]. 30º de setembro de 2020 [citado 9º de março de 2025];27(3):125-30. Disponível em: https://revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/166868