Limitações funcionais e o uso de terapias de reabilitação entre adultos brasileiros com doenças crônicas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v31i2a200726Palavras-chave:
Reabilitação, Doenças Crônicas, Serviços de Saúde, Serviços de Saúde para Pessoas com Deficiência, Inquéritos EpidemiológicosResumo
Objetivo: Analisar as limitações funcionais e o uso de terapias de reabilitação entre adultos brasileiros com doenças crônicas. Métodos: Este é um estudo de base populacional com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013. Foi selecionada uma subamostra da população adulta que relatou doenças crônicas (acidente vascular cerebral, artrite, distúrbio musculoesquelético relacionado ao trabalho, doença pulmonar obstrutiva crônica ou dor nas costas) e que também relatou limitações moderadas a muito intensas em suas atividades. O desfecho foi o uso de terapias de reabilitação. Um modelo de regressão logística foi estimado, com intervalo de confiança de 95%, ajustado para variáveis sociodemográficas. Resultados: Entre os adultos brasileiros, 24,8% foram diagnosticados com acidente vascular cerebral, artrite, distúrbio musculoesquelético relacionado ao trabalho, doença pulmonar obstrutiva crônica ou relataram dor nas costas. Entre estes, 34,6% relataram ter limitações moderadas, intensas ou muito intensas em suas atividades diárias devido a doenças e, entre essa população, 26,3% realizaram alguma terapia de reabilitação relacionada às suas condições. O uso de terapias de reabilitação foi mais frequente entre a população feminina, com maior nível de escolaridade, maior status socioeconômico, mais velha e residente na macrorregião sul do Brasil. Conclusões: Entre os brasileiros com limitações funcionais devido a doenças crônicas, a baixa frequência de utilização de terapias de reabilitação pode estar associada a barreiras de acesso aos serviços de saúde.
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