Riegl faz história: o Denkmalkultus visto à luz da historiografia de Alois Riegl
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30e10Palavras-chave:
Teoria, Conservação, Restauro, História, ArteResumo
O livro Der moderne Denkmalkultus, sein Wesen und seine Entsehung (O culto moderno dos monumentos: sua essência e sua gênese), do historiador da arte Alois Riegl (1858-1905), é hoje considerado uma das obras capitais do diálogo que chamamos de Teorias da Conservação e Restauro, e no Brasil estudado cada vez mais, com concepções inéditas e mesmo pioneiras em 1903, quando foi publicado. A leitura mais atenta do conjunto da obra de Riegl revela uma construção muito mais sofisticada do que aparece à leitura isolada do Denkmalkultus, como usual na área do Patrimônio. Em seus livros, Riegl explora e estabelece uma concepção particular de história e do ofício do historiador. Nela, diacronicamente, estão presentes a ênfase crescente da História como um devir contínuo, onde eram reconhecíveis linhas de sentido de longo prazo – como os vetores progressivos e reativos coexistentes em cada obra de arte –, e a possibilidade de épocas diferentes se tangenciarem, a partir do olhar para o passado, inclusive do historiador contemporâneo. Também se encontram, sincronicamente, as contribuições da História Cultural e o estudo das cosmovisões. Revela-se assim que o Denkmalkultus, como outros textos de Riegl, não era apenas uma descrição dos processos globais que acreditava existir desde o Paleolítico até a Era Moderna, como um exemplo concreto da progressão teleológica, essencial para interpretar sua obra.
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