Da diáspora africana no Museu Histórico Nacional: um estudo sobre as exposições entre 1980 e 2020
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30d1e39Palavras-chave:
Museu Histórico Nacional, Escrita da história, História do Brasil, Diáspora africana, ExposiçõesResumo
Este artigo examina a presença da diáspora africana nas exposições de longa duração sobre a história do Brasil realizadas no Museu Histórico Nacional (MHN), entre as décadas de 1980 e 2020. Nossa compreensão de diáspora africana está em sintonia com
a definição de Nei Lopes, em que o termo se refere à vinda forçada de negros africanos para serem escravizados nas Américas, entre os séculos XVI e XIX, e às histórias, às memórias e ao patrimônio dos descendentes deles. Articulando fontes institucionais e bibliográficas,
a pesquisa identificou que, apesar de todos os esforços para ampliar a abordagem da experiência afrodiaspórica por meio de datas comemorativas, como o centenário da abolição da escravidão, em 1988, o tema ainda é silenciado e invisibilizado nas exposições do MHN. Por fim, o artigo propõe outras possibilidades de leitura da diáspora africana em exposições do museu, compartilhando experiências recentes e indicando novos caminhos para a escrita da
história em projetos expográficos desenvolvidos pela instituição.
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