Padrões e apropriações da higiene na consolidação do banheiro nas moradias paulistanas (1890−1930)
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30e18Palavras-chave:
São Paulo (cidade), Banheiro, Habitação (1890−1930), HigieneResumo
Este artigo explora a relação entre espaço doméstico, tecnologias e as políticas higienistas na cidade de São Paulo, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Com base no levantamento dos pedidos para novas construções habitacionais do período, observa-se a rápida transformação da moradia segundo preceitos de salubridade e limpeza, com destaque para a constituição de um novo ambiente no programa residencial: o banheiro. Partindo dessa constatação, o artigo é dividido em duas partes: na primeira, discutese como as políticas sanitaristas tornam obrigatória a presença de um cômodo sanitário nas moradias paulistanas por meio da implantação dos serviços de fornecimento de água e esgoto para domicílios, apoiada pela legislação e fiscalização; na segunda parte, o trabalho examina a apropriação social desse novo espaço, assim como de seus equipamentos, revelando que a
consolidação do banheiro deve ser compreendida também à luz das mudanças das práticas corporais ligadas às ideias de higiene, limpeza e conforto em discussão na época.
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