Leptospirose canina em uma população assintomática da região sudoeste do estado de São Paulo, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1678-4456.bjvras.2020.167893Palavras-chave:
Leptospira spp, Leptospirose, Soroprevalência, Cães, SentinelaResumo
A leptospirose é uma enfermidade infectocontagiosa que pode acometer os animais e o homem. Nos países tropicais e em desenvolvimento ocorrem 70% dos casos humanos, com mortalidade variando entre 10 a 70%. Os cães podem se tornar portadores assintomáticos por um longo período, podendo transmitir a Leptospira para humanos. Devido ao intenso convívio com o ser humano, os cães podem servir como sentinelas da contaminação ambiental. Esse trabalho investigou a frequência de ocorrência da leptospirose canina em populações assintomáticas da região sudoeste do estado de São Paulo. Para isso foram examinadas pela técnica de soroaglutinação microscópica (MAT), amostras de sangue provenientes de 572 cães assintomáticos dos municípios de Apiaí, Cananeia, Itapeva e Itu por amostragem de conveniência, oriundos de campanhas de castração. Em Apiaí, foram encontrados 40,5% dos animais reagentes para Leptospira spp.; em Itapeva, 42,6%; em Cananeia, 7,7% e em Itu, 5,1%. Os dados encontrados demonstram que, pelo menos, um animal dos municípios de Itapeva, Apiaí e Cananeia apresentaram título igual ou maior que 800, indicando a circulação da bactéria nessas localidades e que a equipe envolvida nas campanhas de castração precisam ser alertadas sobre o correto uso de equipamento de proteção individual, principalmente no esvaziamento mecânico da bexiga antes do procedimento cirúrgico. O estudo também sugere que as campanhas de castração podem ser estratégicas no monitoramento de doenças zoonóticas e poderiam auxiliar no estabelecimento de ações preventivas para a saúde humana e animal.
Downloads
Referências
Abb J. Acute leptospirosis in a triathlete. Wilderness Environ Med. 2002;13(1):45-7. http://dx.doi.org/10.1580/1080-6032(2002)013[0045:ALIAT]2.0.CO;2. PMid:11929061.
Acha PN, Szyfres B. Zoonosis y enfermidades transmisibles comunes al hombre y a los animales. 2nd ed. Washington: Organizacion Panamericana de la Salud; 1989. (no. 503).
Adler B, Moctezuma AP. Leptospirosis. In: Gyles CL, Prescott JF, Songer JG, Thoen CO. Pathogenesis of bacterial infections in animals. 4th ed. Ames: Blackwell Publishing; 2010. p. 527-47.
Aguiar DM, Cavalcante GT, Marvulo MFV, Silva JCR, Pinter A, Vasconcellos SA, Morais ZM, Labruna MB, Camargo LMA, Gennari SM. Fatores de risco associados à ocorrência de anticorpos anti-Leptospira spp. Em cães do município de Monte Negro, Rondônia, Amazônia Ocidental Brasileira. Arq Bras Med Vet Zootec. 2007;59(1):70-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352007000100012.
Batista CSA, Azevedo SS, Alves CJ, Vasconcellos AS, Morais M, Clementino IJ, Lima FS, Araújo JO No. Soroprevalência de leptospirose em cães errantes da cidade de Patos, Estado da Paraíba, Brasil. Braz J Vet Res Anim Sci. 2004;41(2):131-6. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-95962004000200009.
Bier D, Shimakura SE, Morikawa VM, Ullmann LS, Kikuti M, Langoni H, Biondo AW, Molento MB. Análise espacial do risco de leptospirose canina na Vila Pantanal, Curitiba, Paraná. Pesq Vet Bras. 2013;33(1):74-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2013000100013.
Blazius RD, Romão PRT, Blazius EMCG, Silva OS. Ocorrência de cães errantes soropositivos para Leptospira spp. na cidade de Itapema, Santa Catarina, Brasil. Cad Saude Publica. 2005;21(6):1952-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000600046. PMid:16410883.
Carvalho AS. Inquérito Sorológico de anticorpos anti-rickettsia em cães do município de Cananeia e Itapeva, estado de São Paulo, Brasil [dissertação]. Santo Amaro: Universidade Santo Amaro; 2016.
Castro JR, Salaberry SRS, Souza MA, Lima-Ribeiro AMC. Sorovares de Leptospira spp. predominantes em exames sorológicos de caninos e humanos no município de Uberlândia, Estado de Minas Gerais. Rev Soc Bras Med Trop. 2011;44(2):217-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822011005000012. PMid:21468478.
Costa F, Hagan JE, Calcagno J, Kane M, Torgerson P, Martinez-Silveira MS, Stein C, Abela-Ridder B, Ko AI. Global morbidity and mortality of Leptospirosis: a systematic review. PLoS Negl Trop Dis. 2015;9(9):e0003898. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0003898. PMid:26379143.
Damião AO. Caracterização das leptospiras isoladas dos pacientes atendidos no Hospital Couto Maia [dissertação]. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2015.
Dubreuil V, Fante KP, Planchon O, Sant’Anna JL No. Os tipos de climas anuais no Brasil: uma aplicação da classificação de Köppen de 1961 a 2015. Confins. 2018;(37). https://doi.org/10.4000/confins.15738.
Favero ACM, Pinheiro SR, Vasconcellos SA, Morais ZM, Ferreira F, Ferreira JS No. Sorovares de leptospiras predominantes em exames sorológicos de bubalinos, ovinos, caprinos, eqüinos, suínos e cães de diversos estados brasileiros. Cienc Rural. 2002;32(4):613-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782002000400011.
Fonzar UJV, Langoni H. Geographic analysis on the occurrence of human and canine leptospirosis in the City of Maringá, State of Paraná, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2012;45(1):100-5. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822012000100019. PMid:22370837.
Ganoza CA, Matthias MA, Collins-Richards D, Brouwer KC, Cunningham CB, Segura ER, Gilman RH, Gotuzzo E, Vinetz JM. Determining risk for severe leptospirosis by molecular analysis of environmental surface waters for pathogenic Leptospira. PLoS Med. 2006;3(8):e308. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pmed.0030308. PMid:16933963.
Grobusch MP, Bollmann R, Schönberg A, Slevogt H, Garcia V, Teichmann D, Jelinek T, Flick H, Bergmann F, Rosseau S, Temmesfeld-Wollbrück B, Suttorp N. Leptospirosis in travelers returning from the Dominican Republic. J Travel Med. 2003;10(1):55-8. http://dx.doi.org/10.2310/7060.2003.30683. PMid:12729515.
Guernier V, Lagadec E, Cordonin C, Le Minter G, Gomard Y, Pagès F, Jaffar-Bandjee MC, Michault A, Tortosa P, Dellagi K. Human leptospirosis on reunion island, indian ocean: are rodents the (only) ones to blame? PLoS Negl Trop Dis. 2016;10(6):e0004733. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0004733. PMid:27294677.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE [Internet]. 2020 [cited 2020 Sep 4]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/
Jorge S, Schuch RA, Oliveira NR, Cunha CEP, Gomes CK, Oliveira TL, Rizzi C, Qadan AF, Pacce VD, Coelho Recuero AL, Soares Brod C, Dellagostin OA. Human and animal leptospirosis in Southern Brazil: a five-year retrospective study. Travel Med Infect Dis. 2017;18:46-52. http://dx.doi.org/10.1016/j.tmaid.2017.07.010.
Latosinski GS, Fornazari F, Babboni SD, Caffaro K, Paes AC, Langoni H. Serological and molecular detection of Leptospira spp in dogs. Rev Soc Bras Med Trop. 2018;51(3):364-7. http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0276-2017. PMid:29972570.
McBride AJ, Athanazio DA, Reis MG, Ko AI. Leptospirosis. Curr Opin Infect Dis. 2015;18(5):376-86. http://dx.doi.org/10.1097/01.qco.0000178824.05715.2c. PMid:16148523.
Miotto BA, Hora AS, Taniwaki SA, Brandão PE, Heinemann MB, Hagiwara MK. Development and validation of a modified TaqMan based real-time PCR assay targeting the lipl32 gene for detection of pathogenic Leptospira in canine urine samples. Braz J Microbiol. 2018a;49(3):584-90. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjm.2017.09.004. PMid:29233483.
Miotto BA, Guilloux AGA, Tozzi BF, Moreno LZ, da Hora AS, Dias RA, Heinemann MB, Moreno AM, Souza AF Fo, Lilenbaum W, Hagiwara MK. Prospective study of canine leptospirosis in shelter and stray dog populations: identification of chronic carriers and different Leptospira species infecting dogs. PLoS One. 2018b;13(7):e0200384. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0200384. PMid:29995963.
Morikawa VM, Bier D, Pellizzaro M, Ullmann LS, Paploski IAD, Kikuti M, Langoni H, Biondo AW, Molento MB. Seroprevalence and seroincidence of Leptospira infection in dogs during a one-year period in an endemic urban area in Southern Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2015;48(1):50-5. http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0213-2014.
Oliveira ST. Leptospirose canina: Dados clínicos, laboratoriais e terapêuticos em cães naturalmente infectados [tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2010.
Pagès F, Larrieu S, Simoes J, Lenabat P, Kurtkowiak B, Guernier V, Le Minter G, Lagadec E, Gomard Y, Michault A, Jaffar-Bandjee MC, Dellagi K, Picardeau M, Tortosa P, Filleul L. Investigation of a leptospirosis outbreak in triathlon participants, Réunion Island, 2013. Epidemiol Infect. 2016;144(3):661-9. http://dx.doi.org/10.1017/S0950268815001740. PMid:26211921.
Picardeau M. Diagnosis and epidemiology of leptospirosis. Med Mal Infect. 2013;43(1):1-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.medmal.2012.11.005. PMid:23337900.
Pinto PS, Libonati H, Lilenbaum W. A systematic review of leptospirosis on dogs, pigs, and horses in Latin America. Trop Anim Health Prod. 2017;49(2):231-8. http://dx.doi.org/10.1007/s11250-016-1201-8. PMid:27909915.
Reagan KL, Sykes JE. Diagnosis of Canine Leptospirosis. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2019;49(4):719-31. http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2019.02.008. PMid:30961998.
Reis RB, Ribeiro GS, Felzemburgh RDM, Santana FS, Mohr S, Melendez AX, Queiroz A, Santos AC, Ravines RR, Tassinari WS, Carvalho MS, Reis MG, Ko AI. Impact of environment and social gradient on Leptospira infection in urban slums. PLoS Negl Trop Dis. 2008;2(4):e228. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0000228. PMid:18431445.
Rodrigues AMA, Vasconcellos AS, Moraes ZM, Hagiwara MK. Isolamento de Leptospira spp. de cães com diagnóstico clínico de leptospirose em São Paulo (Brasil). Acta Sci Vet. 2007;35:s705-6.
Sakata EE, Yasuda PH, Romero EC, Silva MV, Lomar AV. Sorovares de Leptospira interrogans isolados de casos de leptospirose humana em São Paulo, Brasil. Rev Inst Med Trop São Paulo. 1992;34(3):217-21. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651992000300006. PMid:1342073.
Schuller S, Francey T, Hartmann K, Hugonnard M, Kohn B, Nally JE, Sykes J. European consensus statement on leptospirosis in dogs and cats. J Small Anim Pract. 2015;56(3):159-79. http://dx.doi.org/10.1111/jsap.12328. PMid:25754092.
Vasconcellos SA. Leptospirose. Biologico. 1997;59:29-32.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O conteúdo do periódico está licenciado sob uma Licença Creative Commons BY-NC-SA (resumo da licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 | texto completo da licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/legalcode). Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam ao autor o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos.
Dados de financiamento
-
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Números do Financiamento 001 -
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Números do Financiamento 420110/2018-6