Imperialismo e Dependência Estrutural Latino-americana: Alguns Aspectos Conceituais, Históricos e Contemporâneos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9651.i20p100-133Palavras-chave:
América Latina e Caribe, Dependência estrutural, Pensamento social, ImperialismoResumo
O presente artigo discute a “dependência estrutural” latino-americana. Apresento uma síntese da evolução desse tema no pensamento social crítico latino-americano, como também esboço alguns de seus traços atuais na realidade regional. Pelo menos desde a década de 1920, essa perspectiva analítica possibilitou um eixo diverso de interpretações sobre as desigualdades, miséria social e atraso econômico na região. A ênfase principal para essa explicação encontrou-se em torno das relações de subordinação aos países imperialistas em aliança com as burguesias “nacionais” locais. O tema na atualidade é pouco abordado nos meios acadêmicos e por grande parte da esquerda política na América Latina. A globalização não eliminou o processo de dependência estrutural, pelo contrário o aprofundou. Ao meu entender, não é possível considerar tal fenômeno sem considerar também os chamados governos “progressistas”, que se desenvolveram na América do Sul, a partir do final dos anos 1990. Esses governos não romperam ou minimizaram laços de dependência estrutural. Essa afirmação não é difícil de percebê-la na realidade social regional. As novas formas de extrativismo que se expandiram sobre enormes áreas territoriais, tendo como signo os megaempreendimentos de mineração e agropecuários de grupos internacional sobre os povos originários, camponeses e quilombolas, ganharam nova expansão nos governos progressistas. Nesse atual período, os novos governos de direita, ultradireita ou protofascista empenham-se no aprofundamento ainda maior dessa dependência estrutural.
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