Modelização semiótica do espaço quilombo: a historiografia recodificada pelo cinema

Autores

  • Irene de Araujo Machado Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v29i1p197-217

Palavras-chave:

Historiografia, Diáspora, Quilombo, Contra-espaço, Projeto colonial

Resumo

O objetivo do ensaio é revisar a semiose do poder colonial que, ao optar por uma perspectiva única de narrativa histórica, omitiu o protagonismo de dois grupos que também atuaram na construção da nação: os povos indígenas e os afrodiaspóricos. O objeto de estudo centra-se na metalinguagem crítica da historiografia que se moveu em direção à noção de quilombo como um ponto de virada histórica. Assim, a hipótese principal do ensaio é a ideia do espaço quilombo e de terreiro como contra-espaços que nasceram no interior do projeto colonial para serem espaços livres. Da análise dos filmes: Orixá Ninú Ilê (1978) e Ôrí (1989), infere-se que o quilombo, no qual se desenvolveu o terreiro, se converteu em um espaço existencial.

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Biografia do Autor

  • Irene de Araujo Machado, Universidade de São Paulo

    Livre docente em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC-SP e doutora em Letras pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da FFLCH-USP.

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Publicado

2024-07-17

Como Citar

Machado, I. de A. (2024). Modelização semiótica do espaço quilombo: a historiografia recodificada pelo cinema. Comunicação & Educação, 29(1), 197-217. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v29i1p197-217

Dados de financiamento