“As minhas famílias”: gênero, trabalho de cuidados e produção de subjetividades na atuação de mulheres agentes comunitárias de saúde
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.193183Palavras-chave:
Agentes comunitárias de saúde, Gênero, Trabalho de cuidado, Subjetividade, Psicologia social do trabalhoResumo
O presente estudo teve como objetivo compreender como se configuram relações entre gênero e trabalho de cuidado na produção de subjetividade de mulheres agentes comunitárias de saúde. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, construída com base em aportes teóricos dos estudos de gênero e da psicologia social do trabalho. Realizaram-se entrevistas com cinco mulheres que atuavam em um município do sul de Santa Catarina e as declarações obtidas foram analisadas pelo método de análise temática por meio de um processo que possibilitou a construção de três categorias temáticas: “as participantes em seus territórios de trabalho: relações e responsabilidades”, indicando que o território de atuação se constitui como possibilidade de reconhecimento profissional, responsabilização e criação de vínculos; “gênero e trabalho de cuidado: entre o público e o privado”, evidencia que o trabalho da agente comunitária de saúde é marcado pelo gênero; e, por fim, “é cansativo, mas eu gosto: o paradoxo do trabalho”, categoria que aponta que os sentidos atribuídos ao trabalho são paradoxais, pois relataram realização profissional e, ao mesmo tempo, adoecimento físico e psíquico.
Downloads
Referências
Abramo, L. W. (2007). A inserção da mulher no mercado de trabalho: Uma força de trabalho secundária? [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo]. Biblioteca Digital USP. https://doi.org/j488
Abramo, L. W., & Valenzuela, M. E. (2016). Tempo de trabalho remunerado e não remunerado na América Latina: uma repartição desigual. In: A. R. de P. Abreu, H. Hirata, & M. R. Lombardi (Orgs.), Gênero e trabalho no Brasil e na França: Perspectivas interseccionais (pp. 113-124). Boitempo.
Barbosa, R. H. S., Menezes, C. A. F. de, David, H. M. S. L., & Bornstein, V. J. (2012). Gênero e trabalho em saúde: Um olhar crítico sobre o trabalho de agentes comunitárias/os de saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 16(42), 751-765. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012000300013
Bezerra, Y. R. do N., & Feitosa, M. Z. de S. A afetividade do agente comunitário de saúde no território: um estudo com os mapas afetivos. Ciência & Saúde Coletiva, 23(3), 813-822. https://doi.org/10.1590/1413-81232018233.00292016
Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. http://eprints.uwe.ac.uk/11735
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (1988). Presidência da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Coutinho, M. C. (2009). Sentidos do trabalho contemporâneo: As trajetórias identitárias como estratégia de investigação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 189-202. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v12i2p189-202
Coutinho, M. C., & Oliveira, F. de. (2018). Algumas ferramentas teóricas para o estudo psicossocial do trabalho: Práticas cotidianas, processos de significação e identidade. In: M. C. Coutinho, M. H. Bernardo, & L. Sato (Orgs.), Psicologia Social do Trabalho (pp. 74-98). Vozes.
Duarte, D. A. (2016). Narrar para conhecer os modos de ser-trabalhar-existir: O (difícil) cenário do trabalho contemporâneo. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 19(2), 187-199. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v19i2p187-199
Góis, C. W. de L. (2005). Psicologia comunitária: Atividade e consciência. Editora Instituto Paulo Freire do Ceará. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/42537
Guimarães, N. A. (2020). A transversalidade do gênero: Desafiando cânones nos estudos brasileiros do trabalho. Revista de Ciências Sociais: Política & Trabalho, 53(1), 35-52. https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.2020v1n53.51589
Hirata, H. (2015). Mudanças e permanências nas desigualdades de gênero: divisão sexual do trabalho numa perspectiva comparativa. Análise, 7(1), 1-24. https://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/12133.pdf
Hirata, H. (2020). Comparando relações de cuidado: Brasil, França, Japão. Estudos Avançados, 34(98), 25-40. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3498.003
Hirata, H., & Kergoat, D. (2003). A divisão sexual do trabalho revisitada. In: M. Maruani & H. Hirata (Orgs.), As novas fronteiras da desigualdade: Homens e mulheres no mercado de trabalho (pp. 111-124). Editora Senac São Paulo.
Hirata, H., & Kergoat, D. (2007). Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Caderno de Pesquisa, 37(102), 595-609. https://www.scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0537132.pdf
Hirata, H., & Kergoat, D. (2020). Atualidade da divisão sexual e centralidade do trabalho das mulheres. Revista de Ciências Sociais: Política & Trabalho, 53(1), 22-34. https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.2020v1n53.50869
Kergoat, D. (2016). O cuidado e a imbricação das relações sociais. In: A. R. de P. Abreu, H. Hirata, & M. R. Lombardi (Orgs.), Gênero e trabalho no Brasil e na França: Perspectivas interseccionais (pp. 18-26). Boitempo.
Lei nº 13.595, de 5 de janeiro de 2018. (2018, 5 de janeiro). Altera a Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006, para dispor sobre a reformulação das atribuições, a jornada e as condições de trabalho, o grau de formação profissional, os cursos de formação técnica e continuada e a indenização de transporte dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. Presidência da República. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13595.htm
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. (1990, 19 de setembro). Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Presidência da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
Ministério da Saúde. (2012). Política Nacional de Atenção Básica. https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTE4OA
Monken, M., & Barcellos, C. (2007). O território na promoção e vigilância em saúde. In: A. F. Fonseca & A. D. Corbo (Orgs.), O território e o processo saúde-doença (pp. 177-224). Fundação Oswaldo Cruz.
Mota, D. M., Ferreira, P. J. G., & Leal, L. F. (2020). Produção científica sobre a covid-19 no Brasil: uma revisão de escopo. Vigilância Sanitária em Debate, 8(3), 114-124. https://doi.org/10.22239/2317-269x.01599
Riquinho, D. L., Pellini, T. V., Ramos, D. T., Silveira, M. R., & Santos, V. C. F. dos. (2018). O cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde: entre a dificuldade e a potência. Trabalho, Educação e Saúde, 16(1), 163-182. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/178551
Sato, L., Coutinho, M. C., & Bernardo, M. H. (2018). A perspectiva da psicologia social do trabalho. In: M. C. Coutinho, M. H. Bernardo, & L. Sato (Orgs.), Psicologia social do trabalho (pp. 12-27). Vozes.
Sawaia, B. B. (1995). Dimensão ético-afetiva do adoecer da classe trabalhadora. In: S. T. M. Lane & B. B. Sawaia (Orgs.), Novas veredas da psicologia social (pp. 157-168). Brasiliense.
Sawaia, B. B. (2001). O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão. In: B. B. Sawaia (Org.), As artimanhas da exclusão: Análise psicossocial e ética da desigualdade social (2a ed., pp. 97-118). Vozes.
Schmidt, M. L. S., & Neves, T. F. S. das. (2010). O trabalho do agente comunitário de saúde e a política de atenção básica em São Paulo, Brasil. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 13(2), 225-240. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v13i2p225-240
Scott, J. (1995). Gênero: Uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, 20(2), 71-99. https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667
Tronto, J. C. (1997). Mulheres e cuidados: O que as feministas podem aprender sobre a moralidade a partir disso? In: A. M. Jaggar & S. R. Bordo (Eds.), Gênero, corpo, conhecimento (pp. 186-203). Record; Rosa dos Tempos.
Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: Um debate em aberto. Temáticas, 22(44), 203-220. Recuperado de: https://doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977
Yannoulas, S. C. (2013). Introdução: Sobre o que nós, mulheres, fazemos. In: S. C. Yannoulas (Org.), Trabalhadoras: Análise da feminização das profissões e ocupações (pp. 31-65). Abaré.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Larissa Mazzucco Bianco, Giovana Ilka Jacinto Salvaro
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e da publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.