O Minotauro: ausências e substituições em Lobato
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v5i9p152-160Palavras-chave:
Adaptação literária, mitologia grega, Monteiro Lobato.Resumo
Em 1939, Monteiro Lobato publica O Minotauro, uma releitura do mito grego do monstro meio homem, meio touro, morto pelo herói ateniense Teseu. O monstro lobatiano está só em seu labirinto, para onde leva a cozinheira Tia Nastácia. Sua morada na ilha de Creta não contém os jovens atenienses que deveriam ser devorados, nem a violência presente nas narrativas clássicas. No lugar de Ariadne e seu novelo, há Emília e seus carretéis. Ao invés da morte pelas mãos de Teseu, sua derrota pelos bolinhos de Tia Nastácia. Essas operações de supressões e acréscimos são o fio condutor deste estudo sobre os diálo.gos entre a versão de Lobato e o texto-fonte sobre o Minotauro, cujas origens perdem-se no tempo. Podemos aventar que as escolhas narrativas do autor se baseiam nas suas próprias convicções sobre o processo de reescritura, sobre a adequação do texto ao público-alvo, bem como incluem a valorização da inteligência em detrimento da violência. Para fundamentar nossa análise, tomamos como balizadores, além dos próprios textos de Lobato, reflexões contemporâneas, especialmente de autores como Martins, Hutcheon, Arrojo, Samoyault e Sant’Anna, que versam sobre o processo da adaptação e mecanismos intertextuais nele envolvidos.
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