Orlando: a indumentária e as figurações de papéis sexuais
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i27p228-246Mots-clés :
Orlando, Virgínia Woolf, Estudos feministas, Corpo, IndumentáriaRésumé
Este artigo propõe uma interpretação do romance Orlando: uma biografia, publicado por Virginia Woolf em 1928, o qual narra a vida da/o protagonista homônima ao título desde os seus 16 anos, no século XVI, até os 36 anos de idade, no século XX. Diante de três séculos de história, Orlando tem seu sexo mudado de homem para mulher por encantamento. Este fato ocorre no campo textual e se torna aparente devido à troca de substantivos e pronomes, embora esta mudança altere também, significativamente, sua existência sócio-histórica. Para tal análise, apoiamo-nos em teorias desenvolvidas por Kate Millett (1970), Germaine Greer (1971) e Susan Bordo (1997), entre outras, buscando demonstrar de que modo a indumentária de Orlando sinaliza a mutação em seu corpo e modifica também as formas de representação e tratamento da personagem no âmbito social, pois estabelece as figurações dos papéis sexuais. A imposição da socialização feminina a partir da materialidade da personagem fica evidente. O romance enfatiza a necessidade de abolir a sistematização tradicional de gênero.
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