A escrita do feminino: assédio e feminicídio no conto Venha ver o pôr-do-sol, de Lygia Fagundes Telles
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i29p121-144Mots-clés :
Crise de representação, Gênero, Literatura de autoria feminina, PersonagensRésumé
O presente trabalho pretende analisar a crise de representação da personagem feminina no conto Venha ver o Pôr-do-sol, de Lygia Fagundes Telles, a partir da perspectiva da literatura de autoria feminina e da violência vivenciada pela protagonista. O conto vale-se de razões estéticas bem definidas ao trabalhar com conceitos como gênero, identidade, subjetividade e a maneira como esses conceitos interferem na elaboração e nas ações das personagens. Desde a primeira linha do conto até o seu desfecho há a focalização nas personagens e a valorização do elemento espacial como responsáveis pelo efeito sombrio e misterioso que se evidencia ao longo do texto. O enfoque nesses elementos narrativos e a forma como a escritora trabalha as temáticas pertinentes à literatura de autoria feminina favorecem a possibilidade de se reconhecer que Venha ver o pôr-do-sol é um conto em que Telles se consolida como uma das representantes deste tipo de literatura no Brasil. Esse artigo apresenta, inicialmente, uma revisão referente ao desenvolvimento da literatura de autoria feminina e a relação entre esse momento literário e a escrita de Lygia Fagundes Telles no que diz respeito à luta das mulheres em sua obra para, em seguida, propor uma análise do conto sob o viés da violência contra a mulher, considerando o gênero e a constituição da identidade das personagens.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
ALMEIDA, Júlia Lopes de. Eles e elas. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1922.
BONNICI, Thomas. Teoria e crítica literária feminista: conceitos e tendências. Maringá: Eduem, 2007.
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. 6º Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
CHAUÍ, Marilena. “Participando do Debate sobre Mulher e Violência”. In: FRANCHETTO, Bruna, CAVALCANTI, Maria Laura V. C. e HEILBORN, Maria Luiza (org.). Perspectivas Antropológicas da Mulher. São Paulo: Zahar, 1985, p. 23-62.
COELHO, Nelly Novaes. “A literatura feminina no brasil contemporâneo”. Língua e Literatura, v. 16, n. 19, p. 91-101, 1991. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/linguaeliteratura/article/view/116009/113675. Acesso: 20 mai. 2020.
COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras. São Paulo: Escrituras, 2002.
DEL PRIORE, Mary. História da Mulheres no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2012.
DIMAS, Antonio. Garras de Veludo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
DUARTE, Constância Lima. “Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Brasília, n. 30, p. 63-70, jul./dez. 2007. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9136/8143. Acesso 20 mai. 2020.
EVARISTO, Conceição. “Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade”. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 17-31, 2009.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 30. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
GOMES, Carlos Magno. “Literatura e performances políticas sobre a violência contra a mulher”. Pontos de Interrogação. v. 7, n. 2, p. 107-119, jul./dez., 2017. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/pontosdeint/article/view/4498. Acesso:14 mai. 2020.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Thomas Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
LUCAS, Fábio. “A ficção giratória de Lygia Fagundes Telles”. Travessia. Florianópolis, n. 20, p. 60-77, jan./jul., 1990. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17317/15886. Acesso: 20 jan. 2020.
MENDONÇA, Verônica Cristina Pinto. Possibilidades do trabalho com a literatura de autoria feminina para a leitura crítica de mulheres em privação de liberdade. 2017. 53f. Trabalho de conclusão de curso de pedagogia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/174378/001062096.pdf?sequence=1. Acesso: 14 mai. 2020.
MOORE, Henrietta L. “Fantasias de poder e fantasias de identidade: gênero, raça e violência”. Cadernos Pagu, n.14, p. 13-44, 2000. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8635341. Acesso: 22 mai. 2020.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. “Já se mete a colher em briga de marido e mulher”. São Paulo em perspectiva. São Paulo v.13, n. 4, Oct./Dec. 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88391999000400009&script=sci_arttext. Acesso: 18 mai. 2020.
TEIXEIRO, Alva Martínez. “Hora de tirar o espartilho – A problemática feminina nos contos de Lygia Fagundes Telles”. Navegações, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 112-117, jul./dez. 2016. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/navegacoes/article/download/25525/15516. Acesso: 15 mai. 2020.
TELLES, Lygia Fagundes. Antes do baile verde. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
TELLES, Lygia Fagundes. “Mulheres, mulheres”. In: TELLES, L. F. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2002.
TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
TELLES, Lygia Fagundes. “Venha ver o pôr-do-sol”. In: FERNANDES, Rinaldo de. Contos Cruéis: as narrativas mais violentas da literatura brasileira. São Paulo: Geração editorial, 2006.
TELLES, Lygia Fagundes. José Castello entrevista Lygia Fagundes Telles. Jornal O Globo. Online, 2011. Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.com/prosa/post/jose-castello-entrevista-lygia-fagundes-telles-411256.html. Acesso em 21 de maio de 2020.
TELLES, Lygia Fagundes. Lygia Fagundes Telles revê o passado: entrevista. Folha deLondrina. Online, 2007. Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/folha2/literatura---lygia-fagundes-telles-reve-o-passado-614888.html. Acesso em: 15 de maio de 2020.
XAVIER, Elódia. “Narrativa de autoria feminina na literatura brasileira: as marcas da trajetória”. Leitura, n. 18, p. 87-95, jul./dez. 1996. Disponível em: http://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/view/6825/5409. Acesso: 21 mai. 2020.
ZOLIN, Lúcia Osana. “A literatura de autoria feminina brasileira no contexto da pósmodernidade”. Ipotesi, Juiz de Fora, v. 13, n. 2, p. 105 - 116, jul./dez. 2009. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/ipotesi/article/view/19188. Acesso: 20 mai. 2020.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright Paulo Eduardo Benites de Moraes, Maria Alice Sabaini de Souza 2021

Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les termes suivants :
- Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, avec le travail sous la Licence Creative Commons Attribution qui permet le partage du travail avec reconnaissance de l'auteur et de la publication initiale dans cette revue scientifique.
- Les auteurs sont autorisés à assumer des contrats supplémentaires séparément, pour une distribution non exclusive de la version de la contribution publiée dans cette revue (par exemple, publication institutionnelle ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la publication initiale et originale dans cette revue.
- Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leur travail en ligne (par exemple auprès de leurs institutions ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des échanges académiques productifs, ainsi qu'une croissance de l'impact et de la citation de l'article publié (Voir The Effect of Open Access).