Babel, dispersão, inacabamento: a escrita de bordejar e o texto de fruição, uma escala de confluências entre Osman Lins e Roland Barthes
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p96-119Mots-clés :
Roland Barthes, Osman Lins, Avalovara, Texto de fruição, Mito de Babel, InacabamentoRésumé
Em sua consciência acerca do ofício literário, as formulações ficcionais, as indagações filosóficas e as inovações estéticas adotadas pelo escritor pernambucano Osman Lins ao longo de toda sua obra, em especial no romance Avalovara (1973), coincidem com as proposições de Roland Barthes relativas ao “texto de fruição” – a provocar desestabilidade, desconforto, estado de perda e vacilação quanto às bases históricas, culturais e psicológicas do leitor. A assumida crise por parte do escritor e do leitor na relação com a linguagem e a representação é ilustrada neste artigo por meio do mito de Babel e os signos de infortúnio e incomunicabilidade que caracterizam a personagem alemã Roos em seu desencontro linguístico com o protagonista Abel da obra osmaniana. Edificada sob o propósito de alcançar o céu, a Torre de Babel é associada a desentendimento, desordem, dispersão, resultando em desventura, malogro e ruína. Ao lado de Roland Barthes, reflexões de Zumthor e Benjamin se fazem importantes para compreender a noção de inacabamento, confirmando como a linguagem se mostra falha e insuficiente. A partir do registro barthesiano de gozo e fruição, sublinhamos no romance em questão o tensionamento narrativo a partir de elipses sintáticas, esgarçamento textual, embaralhamento de fonemas e fusionamento de vocábulos.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
AGAMBEN, G. A potência do pensamento. Lisboa: Relógio D´'Água, 2013.
AGAMBEN, G. Ideia de prosa. São Paulo: Autêntica, 2012.
AZUA, F. “Sempre Babel”. In: LARROSA, Jorge; SKLIAR, Carlos (org.). Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p. 31-44.
BARTHES, R. “Escritores e escreventes”. In: BARTHES, Roland. Crítica e verdade. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 31-39.
BARTHES, R. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2006.
BARTHES, R. O grão da voz. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BARTHES, R. Mitologias. Rio de Janeiro: Difel, 2003a.
BARTHES, R. Roland Barthes por Roland Barthes. São Paulo: Estação Liberdade, 2003b.
BARRENTO, J. Prefácio. In: AGAMBEN, Giorgio. Ideia de prosa. São Paulo: Autêntica, 2012, p.11-17.
BENJAMIN, W. Escritos sobre mito e linguagem. São Paulo: Editora 34, 2011.
BENJAMIN, W. O anjo da história. São Paulo: Autêntica, 2012.
BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Paulinas/Edições Loyola, 1995.
BOSI, A. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1997.
CASSIRER, E. Linguagem e mito. São Paulo: Perspectiva, 2006.
FRYE, N. Código dos Códigos: a Bíblia e a literatura. São Paulo: Boitempo, 2004.
GUSDORF, G. A palavra. Portugal: Edições 70, 2010.
LINS, O. Evangelho na taba. São Paulo: Summus Editorial, 1979.
LINS, O. Avalovara. São Paulo: Melhoramentos, 1973.
LINS, O. Guerra sem testemunhas. São Paulo: Ática, 1969.
MOTTA, L.T. Roland Barthes e seus primeiros toques de delicadeza minimalista: sobre O grau zero da escritura. Alea – Estudos Neolatinos, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 233-247, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/alea/a/NjY8GBNp8f7SrRq6jT57KbJ/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 2 mar. 2021.
MURICY, K. Alegorias da dialética: imagem e pensamento em Walter Benjamin. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2009.
PERRONE-MOISÉS, L. Lição de casa [Posfácio]. In: BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 51-89.
STEINER, G. Depois de Babel. Lisboa: Relógio D’Água, 2002.
STEINER, G. Gramáticas da criação. São Paulo: Editora Globo, 2003.
VALÉRY, P. Degas dança desenho. São Paulo: Cosac Naif, 2012.
ZUMTHOR, P. Babel ou o inacabamento. Lisboa: Bizâncio, 1997.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright Luciana Barreto Machado Rezende 2021
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les termes suivants :
- Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, avec le travail sous la Licence Creative Commons Attribution qui permet le partage du travail avec reconnaissance de l'auteur et de la publication initiale dans cette revue scientifique.
- Les auteurs sont autorisés à assumer des contrats supplémentaires séparément, pour une distribution non exclusive de la version de la contribution publiée dans cette revue (par exemple, publication institutionnelle ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la publication initiale et originale dans cette revue.
- Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leur travail en ligne (par exemple auprès de leurs institutions ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des échanges académiques productifs, ainsi qu'une croissance de l'impact et de la citation de l'article publié (Voir The Effect of Open Access).