Decifra-me ou te revelo: o autor para Foucault e Chartier
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i33p142-157Mots-clés :
Autor, Michel Foucault, Roger ChartierRésumé
Este artigo busca tensionar as concepções de autor a partir das reflexões de Michel Foucault (1926-1984) e Roger Chartier (1945-). Para tanto, apresenta o que denominamos de o problema da autoria, explorando as variadas faces do autor em perspectiva histórica e na atualidade. A partir disso, seguimos pelos principais conceitos de Michel Foucault, para quem a noção de autor ocupa papel central na individualização presente na história do conhecimento, uma vez que o retorno à genealogia de qualquer conceito, gênero literário ou filosofia sobrevaloriza a relação de um sujeito autor e a sua obra. Em seguida, debruçamo-nos sobre o pensamento de Roger Chartier acerca do autor. Cerca de trinta anos após a conferência de Foucault na Sociedade Francesa de Filosofia, Chartier é convidado pela mesma instituição a revisitar o tema do autor. O retorno de Chartier (2012) à questão se justifica, segundo ele mesmo, pela retificação de cronologias apontadas por Foucault (2009) e que sustentam a sua argumentação. Por fim, concluíamos com as possíveis interseções advindas dos dois pensadores. É possível traçar um paralelo daquilo que Chartier (2001) denominou lugar social com os modos de circulação de textos no âmbito sociocultural, constituinte da função-autor proposta por Foucault (2009). Somente por meio de um lugar social, entendido como espaço em que as dinâmicas sociais se revelam a partir de valores dessa mesma sociedade, é que é possível emergir o autor enquanto sujeito de fala. Nesse caso, trata-se de uma fala valorada simbolicamente a partir dos mesmos valores socialmente circulantes.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
ARÁN, Pampa Olga. A questão do autor em Bakhtin. Trad. Maria Helena Cruz Pistori. Bakhtiniana, São Paulo, número especial: 4-25, jan./jul. 2014. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/view/17700>. Acesso em: 8 jul. 2017.
BARTHES, Roland. Introdução à análise estrutural da narrativa. In: BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa. Trad. Maria Zélia Barbosa Pinto. Rio de Janeiro: Vozes, 1973, p. 19-62.
BARTHES, Roland. A morte do autor. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2004, p. 57-64.
BELLEI, Sérgio Luiz Prado. A morte do autor: um retorno à cena do crime. Rev. Criação e Crítica. São Paulo, n. 12, p. 161-171, jun. 2014. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/criacaoecritica/article/view/69866/84849>. Acesso em: 28 fev. 2017.
CANELAS, Lucinha. Afinal, a pintura mais antiga do mundo não está na Europa. Público, 11 out. 2014. Disponível em: <https://www.publico.pt/2014/10/11/ciencia/noticia/a-mao-mais-velha-do-mundo-poe-em-duvida-que-a-arte-tenha-nascido-na-europa-1672526>. Acesso em: 27 fev. 2017.
CARDOSO, Regina Machado Araújo. Autor: aquele que morreu sem ter nascido. 20° Congresso Nacional ABED de Educação a Distância, 6 a 9 de outubro de 2014, Curitiba, PR. Anais... Disponível em: <http://www.abed.org.br/hotsite/20-ciaed/pt/anais/pdf/25.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2016.
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador: conversações com Jean Lebrun. Trad. Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. São Paulo: UNESP/IMESP, 1999.
CHARTIER, Roger. Cultura escrita, literatura e história. Trad. Ernani Rosa. São Paulo: Artmed, 2001.
CHARTIER, Roger. O que é um autor? Revisão de uma genealogia. Trad. Luzmara Curcino e Carlos Eduardo Bezerra. São Carlos: EdUFSCar, 2012.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor? In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Estética: literatura e pintura, música e cinema. Coleção Ditos & Escritos III. Trad. Inês Autran Dourado Barbosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009, p. 264-298.
HOUAISS. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Versão monousuário 3.0, jun. 2009.
LINARDI, Fred. Como funcionava a prensa de Gutenberg? Mundo estranho, 22 de fevereiro de 2017. Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/historia/como-funcionava-a-prensa-de-gutenberg>. Acesso em: 27 fev. 2017.
MACEDO, Helton Rubiano de. Das estantes para a tela: práticas de universitários leitores de livros impressos e digitais. Natal: EDUFRN, 2014.
MARTINS, Giovani. O sol na cabeça. Companhia das Letras: São Paulo, 2018.
NAVARRETE, Eduardo. Construção e funcionamento do autor: Barthes, Foucault e Chartier. Revista Urutágua, n. 27, nov. 2012/ abr. 2013, p. 95-111. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/article/view/16170/10069>. Acesso em: 2 mar. 2017.
TORRES, Bolívar. Quem é o jovem Geovani Martins, a nova aposta da literatura nacional, O Globo. Publicado em: 2 mar. 2018. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/livros/quem-o-jovem-geovani-martins-nova-aposta-da-literatura-nacional-22448355#ixzz5DAQAqZBq>. Acesso em: 19 abr. 2018.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright Helton Rubiano de Macedo 2022
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les termes suivants :
- Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, avec le travail sous la Licence Creative Commons Attribution qui permet le partage du travail avec reconnaissance de l'auteur et de la publication initiale dans cette revue scientifique.
- Les auteurs sont autorisés à assumer des contrats supplémentaires séparément, pour une distribution non exclusive de la version de la contribution publiée dans cette revue (par exemple, publication institutionnelle ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la publication initiale et originale dans cette revue.
- Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leur travail en ligne (par exemple auprès de leurs institutions ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des échanges académiques productifs, ainsi qu'une croissance de l'impact et de la citation de l'article publié (Voir The Effect of Open Access).