A interpretação literária como ficção: a tensão dialética entre as obras (o caso de Benedito Nunes)
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i33p23-45Mots-clés :
Interpretação literária, Ficção, Benedito Nunes, Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, Acontecimento poético-apropriativoRésumé
A interpretação literária, quando compreendida em seu valor radical e ontológico, é espaço de realização do crítico a partir de um acontecimento: o poético. O poético é a força que move o humano para uma relação com as questões que o humanizam. Essa relação pode ser feita de maneira apropriava através da ficção e sua referenciação ao poético. Como a interpretação literária pode vir a se tornar ficção? É a partir deste questionamento (e outros que dele se desdobram) que buscaremos encaminhar este texto. Assim, o presente artigo objetiva refletir sobre como a interpretação literária pode vir a acontecer enquanto uma ficção. Para tanto, procuraremos dialogar com um crítico literário que, em nossas observações, realizou em suas interpretações tal singularização, a saber: Benedito Nunes. Concentrar-nos-emos, aqui, na tensão dialética entre a “interpretação literária-ficcional” de Benedito Nunes ao dialogar com a obra Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (2015), visando pensar tal modo de interpretação, a qual se propõe a acontecer na zona liminar do diálogo com as obras e as questões que elas/nelas desvelam.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
CARVALHO, Taís S. O pacto da escuta em Grande Ser-Tão: Veredas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2017.
CASTRO, Manuel A. de. O acontecer poético: a história literária. 2. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: Edições Antares, 1982.
CASTRO, Manuel A. de. Pensar. In: CASTRO, Manuel Antônio de et al. Convite ao pensar. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2014a. p. 187-188.
CASTRO, Manuel A. de. Poética. In: CASTRO, Manuel Antônio de et al. Convite ao pensar. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2014b. p. 200-201.
FAGUNDES, Igor. Interpretar. In: CASTRO, Manuel Antônio de et al. Convite ao pensar. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2014. p. 125-126.
FERRAZ, A. M. V. S. G. O homem e a interpretação: da escuta do destino à liberdade. In: Antônio Máximo Ferraz; Manuel Antônio de Castro: Igor Fagundes. (Org.). O Educar Poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, v. 1, p. 101-135.
HEIDEGGER, M. Aportes a la filosífia: acerca del evento. Trad. Dina Picotti. Buenos Aires: Biblos: Biblioteca Internacional Heidegger, 2003.
HEIDEGGER, M. A Origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010.
HEIDEGGER, M. O acontecimento apropriativo. Trad. Marco Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.
HEIDEGGER, M. Ser e tempo. Trad. rev. apre. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes; São Paulo: Universidade São Francisco, 2015.
HERÁCLITO. Fragmento 50. In: Os pensadores originários: Anaximandro, Parmênides, Heráclito. 3. ed. Trad. Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
LAO-TSÉ. O Livro do Caminho e da Virtude. Trad. Wu Jyn Cherng. s/d. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/le000004.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2020.
LISPECTOR, Clarice. O que está acontecendo com a literatura brasileira hoje (entrevista concedida a Clarice Lispector). In: NUNES, Benedito. A clave do poético. Org. Victor Sales Pinheiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 186-193.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Mitopoéticas do imaginário. In: LOUREIRO, João de Jesus Paes. Obras reunidas – vol. 3 teatro e ensaios. São Paulo: Escritura Editora, 2000. p. 317-325.
MARTINS, Max. A asa e a serpente. In: MARTINS, Max. Não para consolar: Poemas reunidos 1952-1992. Belém: CEJUP, 1992a. p. 186-187.
MARTINS, Max. Koan. In: MARTINS, Max. Não para consolar: Poemas reunidos 1952-1992. Belém: CEJUP, 1992b. p. 252-253.
NUNES, Benedito. A destruição da Estética. In: NUNES, Benedito. O dorso do tigre. 2. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976.
NUNES, Benedito. Passagem para o poético: filosofia e poesia em Heidegger. 2. ed. São Paulo: Editora Ática, 1992.
NUNES, Benedito. A clave do poético. Org. Victor Sales Pinheiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
NUNES, Benedito. Ensaios filosóficos. Org. apre. de Vitor Sales Pinheiro. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
NUNES, Benedito. Hermenêutica e poesia: o pensamento poético. 2ª. reimp. Org. Maria José Campos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
NUNES, Benedito. A Rosa o que é de Rosa: literatura e filosofia em Guimarães Rosa. Org. Vitor Sales Pinheiro. Rio de Janeiro: DIFEL, 2013.
PINHEIRO, Victor Sales. Apresentação. In: NUNES, Benedito. A Rosa o que é de Rosa: literatura e filosofia em Guimarães Rosa. Victor Sales Pinheiro (Org.). Rio de Janeiro: DIFEL, 2013.
ROSA, João Guimarães. Ave, palavra. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1970.
ROSA, João Guimarães. Aletria e Hermenêutica. In: ROSA, João Guimarães. Tutaméia: Terceiras estórias. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 7-17.
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: Veredas. 21. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
ROSA, João Guimarães. Diálogo com Guimarães Rosa. s/d. Disponível em: <http://www.elfikurten.com.br/2011/01/dialogo-com-guimaraes-rosa-entrevista.html>. Acesso em 22 de mar. 2020.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright Adonai da Silva de Medeiros, Antônio Máximo von Söhsten Gomes Ferraz 2022
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les termes suivants :
- Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, avec le travail sous la Licence Creative Commons Attribution qui permet le partage du travail avec reconnaissance de l'auteur et de la publication initiale dans cette revue scientifique.
- Les auteurs sont autorisés à assumer des contrats supplémentaires séparément, pour une distribution non exclusive de la version de la contribution publiée dans cette revue (par exemple, publication institutionnelle ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la publication initiale et originale dans cette revue.
- Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leur travail en ligne (par exemple auprès de leurs institutions ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des échanges académiques productifs, ainsi qu'une croissance de l'impact et de la citation de l'article publié (Voir The Effect of Open Access).